O POVO CIGANO
Sentia uma sensação de alegria, paz e medo ao mesmo tempo.
Encostei a cabeça no travesseiro e logo fui transportada. Isso graças ao meu bom Deus, pois só com sua luz poderei narrar os acontecimentos.
Época da Grécia Antiga. Eu me encontrava numa festa cigana, porém tudo era de muito luxo. Havia muitas carroças enfeitadas com rendas e bordados de fios de ouro. Não me esquecendo de que havia também muitas joias.
Estava uma lua maravilhosa, que com seus raios, iluminava e dominava a todos com sua magia de amor.
Perto, havia uma cachoeira que jorrava suas águas, as quais mais pareciam pingos de cristais.
Havia uma grande fogueira, suas labaredas pareciam falar e transmitir ao mesmo tempo tanto as coisas belas e boas quanto as más.
Este era o meu povo.
Encontrava-me ali e me chamava Rosita.
Era bela como uma flor, estava vestida com os trajes típicos da época. Tinha uma rosa vermelha nos claros e longos cabelos.Olhos negros, boca vermelha como rubi, corpo esbelto. Um sorriso que encantava a todos. Dançava ao som dos violinos e cantava como um rouxinol.
Naquele encontro com a música e a alegria não percebemos a chegada dos homens do mal, era o Rei Gustavo, com seus soldados.
Mataram todos os meus queridos: pais, parentes, amigos e depois me levaram. Foi o que aconteceu para minha desgraça.
No palácio foi anunciada minha presença.
Preparam uma grande festa na qual eu deveria dançar e cantar.
No dia e hora da realização da mesma, fui preparada à moda deles.
Quando chegou a minha vez de se apresentar, cantei e dancei como se nada tivesse acontecido, pois a música e a dança exerciam uma forte influência sobre a minha pessoa.
Foi aí que um dos grandes conselheiros da época anunciou que minha presença iria trazer desgraças sobre o seu povo.
Fui, então, levada para um convento, onde me trancaram numa cela.
Por mais que eu sentisse tudo o que havia me acontecido, não conseguia parar de cantar. Já era um tipo de desabafo.
As irmãs sentiam pena e gostavam de me ouvir cantar.
Todos os dias elas abriam minha cela e me soltavam para que eu pudesse cantar.
Eu cantava e dançava à beira dos jardins, porém, meu canto parecia mais um pedido de justiça.
Um dia, por acaso, vim a saber que o castelo fora invadido pelos bárbaros e que teriam deixado tudo em cinzas.
Não sei por que fui entristecendo e, então, não mais cantei.
Minha cela agora ficava constantemente aberta, porém, aos poucos, fui me deixando contaminar pela tristeza.
Não tinha mais vontade de viver, pois a Justiça Divina já havia cobrado o que fizeram ao meu povo.
Ali foi o meu fim, pois logo desencarnei.
Voltei logo ao meu corpo, pensando que me encontrava em trajes típicos ciganos.
Foi muito bom, achava-me alegre e com o meu corpo leve.
Graças a Deus.
Maria Mercedes