ORIGEM ATUAL
O movimento doutrinário e religioso, conhecido como “Vale do Amanhecer”,
tem dois aspectos distintos, duas maneiras de ser visto: a primeira, é em sua
origem remota, o caminho percorrido pelos espíritos que o compõem; a das
circunstâncias que presidiram sua formação atual. Em primeira instância,
trata-se de um grupo de espíritos veteranos deste planeta, todos com 19 ou mais
encarnações, juramentados ao Cristo e que se especializaram no trabalho de
socorro, em períodos de confusão e insegurança. Tais situações surgem, sempre,
no fim dos ciclos civilizatórios, quando a Humanidade passa de uma fase
planetária para a seguinte. Esses ciclos, embora variáveis em termos de
contagem do tempo, se apresentam à visão intelectual da História como tendo mais
ou menos 2.000 anos. A cada dois milênios termina uma etapa e começa outra.
Porém, por alguns séculos, as duas fases coexistem. Podemos tomar, como
exemplo, o período que antecedeu o nascimento de Jesus e os três ou quatro
séculos que se seguiram. Um exame acurado dos acontecimentos históricos
registrados explica essa mistura de duas etapas. O mesmo está acontecendo em
nossa época, desde o Século XVIII, em que o mundo como que explodiu em
fantásticas conquistas sócio-econômicas, ao mesmo tempo em que começou a
declinar no que poderia se chamar de “humanismo”. Esse fenômeno é
particularmente verificável nesta Segunda metade do Século XX, no qual as
conquistas científicas, por exemplo, coexistem com a desvalorização progressiva
do ser humano. A característica de nossa civilização atual é de descrença e
desesperança nas instituições, nos marcos civilizatórios que regem nossas
atitudes. Num paradoxo aparente, essa “morte civilizatória” produz na mente do
Homem a ansiedade por bases mentais mais firmes, mais calcadas na imortalidade
da civilização. A descrença nas instituições regentes leva à busca de
instituições mais biológicas, seguras, mais transcendentais. Isso pode ser
facilmente percebido pela procura atual de soluções religiosas e de novas
formas do encontro com o espírito. Atender a essa necessidade é exatamente a
finalidade e a missão desse grupo de espíritos que aparecem sob a égide do
“Vale do Amanhecer”. Sua missão é oferecer ao Homem angustiado e inseguro uma
explicação de si mesmo e um roteiro para sua vida imediata. Para que isso fosse
possível, e a missão cumprida com autenticidade, o trabalho não poderia ser
feito seguindo-se as velhas fórmulas de religiosidade, considerando-se “velhas
fórmulas” os documentos escritos, as revelações de iluminados, de profetas, das
tradições, das doutrinas secretas e da dogmática de modo geral, empregada na
base da fé e do medo. O Homem só adquire segurança quando o equacionamento de
sua vida se apresenta verificável, para ele individualmente, qualquer que seja
sua posição sócio-econômica. Se num primeiro momento as instituições lhe
oferecem proteção e segurança, isso logo se desfaz na vivência dentro das
mesmas, quando seu próprio juízo entra em contradição com elas. Nesse ponto,
ele poderá não se afastar, por medo ou por falta de algo melhor, mas sempre,
inevitavelmente, ele viverá em angústia. Por esse motivo fundamental, o
movimento “Vale do Amanhecer” foi calcado na existência de um espírito
clarividente, cujas afirmações e ensinamentos pudessem ser testados e verificados,
individualmente, pela experiência de cada participante, sem jamais dar margens
a dúvidas ou incertezas. Essa é a origem atual do Vale do Amanhecer, ou seja, a
existência da Clarividência de Tia Neiva. Em 1959, ela era uma cidadã comum,
embora com traços de personalidade incomum. Viúva, com quatro filhos,
dedicou-se à estranha profissão, para uma mulher, de motorista, dirigindo seu
próprio caminhão e competindo com outros profissionais. Sem nenhuma tendência
religiosa, nunca, até 1959, quando completou 33 anos de idade, revelou
propósitos de liderança de espécie alguma. A partir dessa data, começaram a
suceder, com ela, estranhos fenômenos na área do paranormal, da percepção
extrasensorial, para os quais nem a ciência nem a religião locais forneceram
explicação. O único amparo razoável foi encontrado na área do espiritismo, uma
vez que as manifestações se pareciam coma fenomenologia habitual dessa
doutrina. Os problemas foram se acentuando contra a sua vontade, e o
acanhamento das concepções doutrinárias que a cercavam a levaram a uma
inevitável solidão. Não havia realmente quem a entendesse, e isso a obrigou à
aceitação das manifestações de sua clarividência. Incompreendida pelos Homens,
ela teve que se voltar para o que lhe diziam os espíritos. Só neles ela começou
a encontrar a coerência necessária para não perder o juízo e ter se tornado
apenas mais uma doida a ser internada. A partir daí ela deixou de obedecer aos
“entendidos” e se tornou dócil às instruções dos seres, invisíveis aos olhos
comuns, mas para ela não só visíveis como também audíveis. Desde então, ela
teve que abandonar parcialmente sua vida profissional e se dedicar à
implantação do sistema que hoje se chama Vale do Amanhecer. A primeira fase foi
de adaptação e aprendizado, embora, desde o começo, seu fenômeno obrigasse a
uma atitude prática de prestação de serviços. Isso garantiu, sempre, a
autenticidade da Doutrina do Amanhecer, desde seus primórdios. Tudo o que foi e
é recebido dos planos espirituais se traduz em aplicações imediatas e é testado
na prática. Logo que Neiva dominou a técnica do transporte consciente, isto é,
a capacidade de sair do corpo conscientemente, deixá-lo em estado de suspensão,
semelhante ao sono natural, e se deslocar em outros planos vibratórios, ela
começou seu aprendizado iniciático. O transporte é um fenômeno natural – todos
os seres humanos o fazem quando dormem – mas o que há de diferente na
clarividência de Tia Neiva é o registro claro do que acontece, durante o
fenômeno, na sua consciência normal. Todos nos transportamos durante o sono,
mas as coisas que vemos ou fazemos só irão se traduzir na ação em nossas vidas
inconscientemente, ou seja, nós não sabemos que fazemos coisas em nossa vida
com base nesse fenômeno. Nesse período, que durou de 1959 até 1964, ela se
deslocava diariamente até o Tibete e lá recebia as instruções iniciáticas de um
mestre tibetano. Esse mestre, que ainda está vivo, chama-se, traduzido em nossa
linguagem, HUMAHÃ. Dadas as condições específicas que isso exigia de seu
organismo físico, ela contraiu uma deficiência respiratória que, em 1963, a
levou quase em estado de coma para um sanatório de tuberculosos, em Belo
Horizonte. Três meses depois, ela teve alta e deu prosseguimento à sua missão,
embora portadora de menor área respiratória, que limita sua vida física até
hoje. Esse, entretanto, é apenas um aspecto das manifestações de sua
clarividência. Ela se transporta para vários planos, toma conhecimento do
passado remoto dela e do grupo espiritual a que pertence, recebe instruções de
Seta Branca e de seus Ministros e as transmite praticamente para as ações do
grupo. A comunidade da Serra do Ouro chamava-se “União Espiritualista Seta
Branca” (UESB). Na UESB, no plano físico, o que existia era, apenas, um grupo
de médiuns atendendo a pessoas doentes e angustiadas, tendo sempre à frente a
figura de Tia Neiva. Havia um templo iniciático e algumas construções rústicas,
tudo feito em madeira e palha. Existia e existem, pois, dois aspectos
distintos, que é preciso compreender para explicar o atual fenômeno “Vale do
Amanhecer”: o humano, como grupamento de pessoas dedicadas à assistência
espiritual a outras pessoas, mediante as normas trazidas pela Clarividente
Neiva do plano espiritual; e essas mesmas normas, que foram constituindo a
Doutrina, ou seja, um conjunto doutrinário. Na proporção em que o conjunto
humano cresce, ele aumenta seu poder de obtenção, controle e manipulação de
energias, ou seja, sua força cresce e amplia sua base doutrinária. Por isso a
Doutrina do Amanhecer apresenta um aspecto dinâmico, de contínuo fazimento, que
se adapta, a cada momento, às necessidades dos seres humanos que são atendidos.
Todas as instruções para as atitudes, construções, rituais e planos de trabalho
continuam vindo por intermédio de Tia Neiva. Com relação ao futuro, quando ela
desencarnar, haverá, naturalmente, algum outro processo de instruções. Isso,
entretanto, está fora de nossas cogitações, uma vez que não nos compete
decidir. O ciclo atual está prestes a terminar, o mundo irá passar por grandes transformações,
que já se tornam evidentes ao senso comum e, naturalmente, os responsáveis pelo
comando da missão do Vale do Amanhecer – Pai Seta Branca e seus Ministros –, já
terão planos prontos para funcionar.
O ATUAL VALE DO AMANHECER
A primeira comunidade funcionou na Serra do
Ouro, próximo da cidade de Alexânia, Goiás. De lá mudou-se para Taguatinga,
cidade satélite de Brasília, e, em 1969, foi instalada no atual local, que
passou a se chamar Vale do Amanhecer, na zona rural da cidade satélite de Planaltina.
O Vale ocupa uma área pertencente ao Governo do Distrito Federal, nela
residindo cerca de 500 pessoas, em sua maioria menores abandonados que foram
abrigados por Tia Neiva. Para esse fim, foi criada uma entidade jurídica
chamada “Lar das Crianças de Matildes”, que garante a legalidade desse tipo de
trabalho. Dentre os residentes estão os dirigentes que cercam Tia Neiva,
algumas famílias de médiuns, os que participam da manutenção, do atendimento de
emergências no Templo e ocasionais abrigados para tratamento de alcoolismo. O
ponto focal da comunidade é o Templo do Amanhecer, construído em pedra, no
formato de uma elipse, com uma área coberta de 2.400 metros quadrados. Distante
cerca de 300 metros, existe um conjunto iniciático, construído a céu aberto,
chamado Solar dos Médiuns ou Estrela Candente. Nele existem cachoeiras
artificiais, um espelho d’água em forma de uma estrela, com raio de 79 metros,
lagos, escadarias de pedra e cabanas de palha. O Templo do Amanhecer destina-se
ao atendimento do público. O trabalho abre, todos os dias, às 10 horas da
manhã, e se prolonga até às 10 da noite, com plantões chamados de Retiros. O
Solar dos Médiuns também funciona todos os dias, com início às 12 horas e 30
minutos. Nele, porém, os rituais se destinam à manipulação das energias,
havendo atendimento de público apenas em alguns casos especiais. O Vale dispõe
de água encanada, eletricidade e uma linha de ônibus que o liga a Planaltina,
distante 6 km. Possui uma escola primária, dirigida pela Secretaria de Educação
do GDF, atualmente com 200 alunos, duas lanchonetes, oficina mecânica, salão de
costura, pomar, lavoura e uma livraria especializada em obras religiosas e
espiritualistas. As atividades diárias do Vale são muito intensas, o dia de
trabalho se encerrando altas horas da noite. Para o visitante que vem pela
primeira vez, o aspecto é de bucolismo e tranquilidade rural. Essa impressão,
entretanto, se desfaz rapidamente, quando se percebe a intensa atividade
desenvolvida para amainar o sofrimento dos que, diariamente, procuram o Vale.
Todos os dias, às 10 horas da manhã, uma sirene toca três vezes, e é aberto o
Retiro dos Médiuns, obedecendo uma tradição que é mantida desde 1959. Os
médiuns que participam nesse dia permanecem em plantão até às 10 horas da noite.
Cada dia, entretanto, é diferente dos outros, sempre havendo uma programação
intensa de instrução e desenvolvimento. Certos dias, principalmente nos fins de
semana, vários acontecimentos ritualísticos são executados simultaneamente.
Tanto pode acontecer um casamento solene, uma cerimônia de Iniciação, uma festa
de aniversário como um velório iniciático por algum médium que tenha
desencarnado. Isso, entretanto, sucede sem interrupção do atendimento dos
clientes, do andamento das construções, do trabalho das oficinas ou do lazer
dos abrigados. É comum a gente ver uma cerimônia iniciática, feita com toda a
solenidade no Templo, e, ao passar pela Casa Grande, onde funciona o Lar das
Crianças de Matildes, deparar com um baile de rapazes e moças animado por um
conjunto local de roque... No Vale só existem duas classes de pessoas: Médiuns
e Clientes, sendo essa a maneira mais simples de conceituar as pessoas sem
incorrer no perigo da descriminação. Médium é o antigo cliente que, devido a
seus compromissos transcendentais, sente necessidade de participar da Corrente,
ou seja, trabalhar mediunicamente. Na verdade, eles representam, apenas, a
média de ½% dos frequentadores, ou seja, dentre cada grupo de 200 pessoas que
procuram o Vale, apenas uma tem necessidade de desenvolver sua mediunidade.
Depois que o último cliente se retira, fato que raramente acontece antes de
meia-noite, surge sempre alguma atividade instrutiva, uma comunicação dos
planos espirituais ou uma discussão doutrinária em torno de Tia Neiva. Com exceção
dos Retiros e das Escaladas na Estrela, cujos horários são rígidos, não existem
horas marcadas para as coisas que acontecem. As atividades flutuam ao sabor dos
acontecimentos. O dia inteiro chegam pessoas em busca de auxílio, cuja natureza
varia ao infinito. Os dias típicos que mais caracterizam a vida no Vale são os
chamados dias de Trabalho Oficial, atualmente às quartas, sábados e domingos.
Nesses dias, chegam a trafegar no Vale entre 3 e 4 mil pessoas. O Trabalho
Oficial começa à 10 horas, com a abertura da Corrente. A partir daí, os médiuns
vão se colocando nos seus postos de serviço, na media em que vão se
mediunizando, ou seja, que completam os seus rituais e se sentem prontos para o
atendimento. As portas do Templo permanecem abertas e os clientes vão sendo
acomodados nos bancos de pedra, que correm ao longo do Templo, no lado esquerdo
de quem entra. O primeiro contato é com os médiuns da Falange dos
Recepcionistas. Eles, discretamente, vão acomodando os clientes e movimentando
as filas. Os pacientes sentam e levantam, e vão se aproximando dos Tronos, onde
é feito o atendimento individual. Os Tronos são pequenas mesas, com apenas um
lado disponível, onde se sentam o Apará (médium de incorporação) e o cliente.
Por trás do Apará, permanece de pé o Doutrinador. Este, cuja mediunização torna
seus sentidos mais alertas (ao contrário do Apará, que fica semiconsciente), é
o responsável por tudo que decorrer no atendimento. Ele acompanha o trabalho do
Preto Velho ou do Caboclo, esclarece o cliente, doutrina os sofredores que o
Preto Velho puxa do cliente e garante, ao máximo possível, a satisfação do
atendido. O Apará incorporado permanece com os olhos fechados e apenas entra em
contato com o cliente segurando levemente suas mãos ou tocando, na sua cabeça,
com a ponta dos dedos. Conforme o médium ou a entidade-guia, a linguagem é
pouco inteligível pelo paciente. Isso, entretanto, não é de muita importância,
uma vez que a vocalização é apenas a maneira da entidade entrar em sintonia com
o paciente. Quando se torna necessário um conselho ou indicação, o Doutrinador
serve de intérprete. Na verdade, o importante não é o que a entidade fala, mas,
sim, o que ela faz durante o atendimento. É a manipulação de energias que irá
resolver os problemas do consulente, podendo suceder que nem ele saiba, às
vezes, quais são eles. Por isso, a comunicação é secundária, principalmente
pelos perigos que encerra, devido às possíveis interpretações errôneas. O
freqüentador do Vale do Amanhecer acaba por se habituar a avaliar a autenticidade
do trabalho pelo resultado, fato esse de que só ele pode ser o juiz. Se ele
chega tenso e cheio de cargas negativas, o Preto Velho as atrai para o Apará. O
médium recebe essas cargas e, devido à natureza dessas energias e sua
localização no seu plexo solar, ele se contrai. O quadro dessa incorporação é o
do médium com o rosto contraído, as mãos crispadas e, às vezes, falando em tom
agressivo. Isso tanto pode significar que ele está recebendo a carga magnética
do cliente como algum espírito sofredor, um desencarnado ou um obsessor.
Qualquer que seja a situação, o Doutrinador faz sua doutrina e, mediante uma
chave iniciática, faz a entrega a outro plano, outra dimensão. O médium, então,
volta para sua incorporação suave do Preto Velho ou à expressão do Caboclo.
Conseguido o reequilíbrio do tônus do paciente, a entidade sugere seu
encaminhamento para outros trabalhos no Templo, dá-lhe algum conselho ou
palavra de encorajamento, sugere sua volta ou lhe delineia algumas sugestões
para equilibrar sua vida. Nunca, porém, interfere no seu livre arbítrio ou toma
alguma decisão por ele. Após esse atendimento, o cliente tem várias
alternativas: vai para a Sala de Cura se tiver algum distúrbio físico, para a
Indução se seu problema for de ordem econômica, puramente de situação material,
ou apenas para a Linha de Passes se não tiver problemas dessa natureza. A
“cura”, em termos da Doutrina do Amanhecer, não envolve diagnóstico ou receita
de remédios. Nada ali é feito que possa ser resolvido pelo médico terreno. Em
todos os casos sempre se sugere que o paciente procure o médico, ou continue
com o tratamento que porventura esteja fazendo. Nossa cura é puramente
espiritual, na área invisível do paciente, que é inacessível ao médico físico.
Se o cliente apresenta sintomas de mediunidade excessiva, é aconselhado o seu
desenvolvimento, porém sempre é chamada sua atenção que isso tanto pode ser
feito aqui como em qualquer outro lugar de sua preferência, Alguns clientes
chegam pensando que todo atendimento é feito pessoalmente por Tia Neiva, e
fazem questão de enfrentar o difícil problema da espera que isso suscita. Nos
dias de Trabalho Oficial, o Templo atende entre 3 e 5 mil pessoas e, é lógico,
apenas uma pequena parcela consegue falar pessoalmente com a Clarividente. De
modo geral, o atendimento se caracteriza pela descontração e informalidade. O
cliente entra e sai à vontade, ninguém lhe pede coisa alguma e ele só sai de
sua incógnita se assim o desejar. Só tem que declinar seu nome e sua idade na
hora de ser atendido pela entidade incorporada no médium. Tanto os médiuns como
os dirigentes preferem ignorar o problema pessoal de cada um, e só se
interessam pela natureza do problema. Geralmente, quando procurado, o
recepcionista pergunta ao cliente se o problema dele é de saúde, da vida
material ou de ordem familiar, para poder encaminhá-lo ao setor adequado. Na
verdade, a técnica empregada no atendimento dispensa a confidência da pessoa. O
trabalho de passa numa outra dimensão, que é invisível aos sentidos até mesmo
dos médiuns. Mesmo a conversa das entidades, incorporadas no médium, escapa, em
grande parte, aos seus ouvidos ou à sua percepção, embora ele não esteja
realmente inconsciente. O diálogo é necessário para manter a sintonia entre o
cliente e a entidade. Enquanto o Preto Velho conversa, ele está, na verdade,
manipulando energias e resolvendo problemas da pessoa que, às vezes, nem ela
suspeita que tem. Em alguns segundos do relógio, a entidade percorre os
ambientes onde a pessoa vive, verifica problemas de suas outras encarnações,
atende a pessoas que lhe são queridas, não importa a distância física onde
estiverem, e faz até mesmo sua caridade para os inimigos do atendido. O ponto
alto desse trabalho é que o cliente não assume compromisso algum, nem mesmo de
ser um crente ou adepto. A confiança surge depois, com os resultados obtidos e
é por isso que os clientes do Vale, em sua maioria, acabam por voltar outras
vezes e se tornam amigos. Os clientes do Vale são de todas as classes sociais.
Alguns vêm apenas para visitar ou por curiosidade. Outros, gostam de pesquisar.
Porém, muitos, talvez a maioria, vêm em busca de algo que falta em suas vidas.
Todos se sentem à vontade, uma vez que nada lhes é solicitado, pois não têm
obrigação alguma. Os médiuns, esses sim, têm sempre a obrigação de fazerem tudo
que for possível pelos que procuram o Templo. Não se concebe uma pessoa sair do
Vale sem ter sido atendida ou sair insatisfeita. É lógico que o Vale não faz
milagres, nem resolve todos os problemas das pessoas, mas sempre abre uma
esperança, alivia uma dor e amplia as perspectivas daqueles que o procuram.
AS TÉCNICAS EMPREGADAS NO VALE
Todo o trabalho do Vale é com base na técnica
de manipulação de energias. A força que permite controlar as energias de
origens e teores diversos é a mediunidade. A força mediúnica é alimentada pela
energia animal, produzida no organismo, chamada ectoplasma, fluido ou magnético
animal. Trata-se de uma energia sutil, que todos os organismos da Terra
produzem, mas que, no ser humano, atinge teor diferente, quantidade elevada e
cuja propriedade fundamental é a de colocar em contato dois planos vibracionais
diferentes, duas dimensões. É, portanto, o ectoplasma o responsável pelos
contatos entre o mundo sensorial e palpável com os outros planos da vida,
normalmente imperceptíveis aos sentidos. Por se tratar de energia produzida à
revelia da vontade, os efeitos que ela produz nos atos humanos independem da
crença, religião ou posicionamento no meio social. O desconhecimento desse fato
simples e biológico, ou a sua conceituação inadequada, está na raiz da maioria
das dificuldades humanas, sendo, como é, a maior fonte de dor, qualquer que
seja sua natureza. O médium é uma pessoa que admite e conhece essa energia pela
experiência, e procura se habilitar para a controlar conscientemente. Com isso,
ele aprende que o Homem alivia muito seu sofrimento quando conhece suas forças.
Na primeira fase, o novato desenvolve sua mediunidade para obter seu equilíbrio
pessoal, para se colocar numa posição de harmonia com o mundo que o cerca. Uma
vez conseguido isso, ele é credenciado para o atendimento, o qual, na verdade,
é apenas a continuação do seu desenvolvimento. Quanto mais o médium trabalha,
mais ele aprende e melhor fica conhecendo como usar suas energias. O progresso
constante traz sua realização pessoal. Consideradas apenas pelo aspecto
biopsicofísico, as energias são chamadas de “cristãs” ou “forças da Terra”. O
conhecimento desse fato remonta à mais longínqua antigüidade, e é simbolizado
pela figura de um felino como, por exemplo, a figura que existe bem no centro
da travessa superior da misteriosa Porta do Sol, nos altiplanos dos Andes. Essa
figura do jaguar é a mesma adotada pelo Vale do Amanhecer, cujos médiuns são
chamados de “Jaguares”. Em contraposição das “energias cristãs” existem as
“energias crísticas”, ou seja, a manipulação feita com o terceiro polo do ser
humano – o espírito – e não apenas com as forças psicofísicas. No conjunto, as
energias crísticas e as energias cristãs formam múltiplos de 7, sendo chamadas
de “positivas” ou “negativas”. Porém, essas classificações não se referem à
idéia de bem ou de mal. Negativas, no caso, são as
energias que, a partir da superfície, atuam como fio terra; positivas são
aquelas que partem dos planos vibracionais mais sutis. O ser humano equilibrado é aquele que mantém a
proporção certa de energias negativas e positivas. Enquanto o espírito ainda
está na Terra, isto é, ele é um espírito encarnado, um homem comum, ele tem 3
forças positivas e 4 negativas. Isso quer dizer que sua tônica está na vida da
Terra, no plano da economia planetária. Se ele inverter essa posição, sublimar
uma delas, ele passa a ser um ser humano “desligado”, desequilibrado em relação
às leis do mundo. Esse conhecimento técnico é que permite aos médiuns a
capacidade de curar, isto é, de equilibrar ou reequilibrar a pessoa, de acordo
com os planos da natureza e dessa mesma pessoa.
A FILOSOFIA BÁSICA DO VALE
A ideia mais simples e mais de acordo com a
realidade que se pode ter do Vale do Amanhecer, é a de que se trata de um grupo
humano, de pessoas comuns, as quais, mercê de suas dores e da busca de um
lenitivo para elas, decidiram trabalhar para si e para seu próximo, baseadas
nas exortações do Mestre Jesus, resumidas numa série de conceitos sob o título
de “Doutrina do Amanhecer”, que é também chamada de “O Evangelho do Vale do
Amanhecer”. Para que não haja a mínima dúvida quanto a essa Doutrina, os
ensinamentos do Mestre são colocados de forma acessível a qualquer mente,
independente de cultura intelectual ou escolaridade. A Doutrina do Amanhecer se
resume em três propostas básicas de Jesus: o amor, a tolerância e a humildade.
Com essas três posições, é possível a qualquer ser humano reformular sua
existência, adquirir visão mais ampla da vida e equacionar seus problemas desta
Terra. Alicerçada neste triângulo, a Escola do Caminho, do Mestre Jesus,
permite compreender e analisar tudo que se passa em nosso mundo, e abrir
caminho para as soluções da vida. A primeira resultante dessa filosofia básica
é que a verdade só é percebida individualmente, por cada pessoa. Logo, o mundo
não é como é, mas, sim, como cada pessoa o vê. Essa posição é diametralmente
oposta aos conceitos vigentes nas bases da fase atual de nossa civilização,
cuja posição é a de que o mundo é como é e não como nós o vemos. Por essas duas
maneiras de ver, pode-se conceituar as coisas e
as pessoas. No
primeiro caso, o mundo e o universo estão de acordo com o dimensionamento da
consciência do observador, e ele está em paz com o quê o cerca. No segundo
caso, o homem vive em angústia, porque não tem certeza de nada que o cerca e
vive em desacordo com a realidade, porque supõe que o mundo é algo diferente
daquilo que registra. Nessa posição, o Homem é inteiramente dependente do que
lhe é dito e ensinado. Logo, ele não tem individualidade, sendo, apenas, uma
parte do coletivo. Na sua mente predomina a personalidade padronizada. Para que
essa posição crística possa ser entendida, sem restar margem a dúvidas, o Vale
ensina que o ser humano, o Homem, toma suas decisões com base nos estímulos,
que partem de três diferentes fontes, existentes em si mesmo: a física, a
psicológica e a espiritual. Resumindo: o Homem é composto de corpo, alma e
espírito, separando objetivamente a idéia de alma (psique) da idéia de
espírito. Tais conceitos podem ser encontrados mais detalhadamente nos livros
publicados sob a responsabilidade da Ordem Espiritualista Cristã, entidade
jurídica que rege o Vale do Amanhecer, particularmente “No Limiar do Terceiro
Milênio” e “Instruções Práticas Para os Médiuns”, sendo este último publicado
em fascículos.
A MISSÃO DO VALE
O Vale do Amanhecer tem um programa de trabalho
no qual podem ser distinguidos dois aspectos fundamentais: o atendimento
direto, físico, pessoal e, por outro lado, a influência indireta, à distância.
No primeiro caso estão os Templos físicos que, além do Vale do Amanhecer, já
existem em Unaí, MG; Alvorada do Norte, GO; Olinda, PE; Manaus, AM; Luziânia,
GO; Anápolis, GO; e outros que estão se formando em Abaeté, MG; Pirapora, MG; e
em outros lugares. No segundo caso, no que pode ser chamado de “atendimento
indireto”, está o acervo de quase dois decênios de contínuo atendimento, com
milhares de pessoas que equilibraram suas vidas nos Templos do Amanhecer, e de
obras publicadas. Essas pessoas e os livros vão levando uma mensagem de
esperança e ajudando na formação de idéias e perspectivas do ser humano mais
coerentes com a realidade, que explicam o Homem para si mesmo, despertando-lhe
o interesse pela Vida e não para a Morte. A Doutrina do Amanhecer não trabalha
somente para ajudar a pessoa para o após morte; ela trabalha para ajudá-lo a
viver a vida. Com esse propósito, e com base no preceito de Jesus do não
julgamento, o Vale não preconiza forma alguma de comportamento, mas aceita a
pessoa como ela é, sem discriminação. Quanto pior for a situação do paciente,
tanto em relação a si mesmo como ao meio em que vive, maior é a sua necessidade
de ser recebido com amor e tolerância. Só essa aceitação, sem julgamento, sem críticas
e sem recriminações, é que podem permitir o reequilíbrio do Homem. Só o amor
pode despertar a capacidade de amar e só a tolerância irrestrita abre a
oportunidade de um ser humano se encontrar. Para que o amor e a tolerância
sejam possíveis concretamente, é necessário haver humildade, sem, naturalmente,
confundir-se humildade com humilhação. Por isso, o Vale é simples nas suas
pretensões, sem querer reformar o mundo ou se achando o dono da verdade. Para
que essa posição possa ser autêntica, emprega-se uma forma hábil de trabalho:
ali só existem duas qualidades de gente – clientes ou médiuns. O Vale nada tem
a ver com as pessoas fora do recinto, sejam elas médiuns ou clientes. Porém,
uma vez adentradas, as pessoas são convidadas a tomar uma ou outra posição. Se
ela é médium da Corrente, fica obrigada a seguir os rituais e a atender a quem
quer que seja, nada podendo aceitar em troca. Se ela é cliente, tem o direito
de ser atendida e nada fica a dever, nem sequer a obrigação de se tornar adepta
da Doutrina. A única coisa que é exigida dos médiuns é a abstenção do álcool,
mesmo fora do recinto, condição essa indispensável para ele praticar seu
mediunismo no Vale.
ORIGEM REMOTA DO VALE DO AMANHECER
Há 32.000 anos – trezentos e vinte séculos
atrás – , uma frota de naves extraplanetárias pousou na Terra, e dela
desembarcaram homens e mulheres, duas ou três vezes maiores do que o tamanho
médio do Homem atual. Sua missão era a de preparar o planeta para futuras
civilizações. Para isso, mudaram a topografia e a fauna, trouxeram técnicas de
aproveitamento dos metais, além de outras coisas essenciais para aquele período
e os que se seguiram. Chamavam-se Equitumans, e seu domínio do planeta durou
2.000 anos. Depois disso, o núcleo central desses missionários foi destruído
por uma estranha catástrofe, e a região em que viviam se transformou no que
hoje se chama Lago Titicaca. Em nosso livro “2.000 – Conjunção de Dois Planos”,
os Equitumans são descritos com mais detalhes. Depois disso – de 30 a 25 mil
anos – existiram outros missionários, que se chamaram Tumuchys. Esses eram
predominantemente cientistas, que estabeleceram avançada tecnologia, cujo
principal objetivo era a captação de energias planetárias e extraplanetárias.
Foram esses cientistas que construíram as pirâmides, ainda existentes em várias
partes da Terra, incluindo as do Egito. Esses e outros monumentos megalíticos
foram construídos de acordo com um planejamento para todo o planeta.
Posteriormente, esses gigantescos edifícios foram utilizados pelos povos que
vieram depois, com outras finalidades. E os métodos científicos se
transformaram em tabus e religiões. Mas, a energia armazenada até hoje se
conserva, preenchendo os propósitos a que foi destinada. Depois dos Tumuchys –
entre 25 e 15 mil anos atrás – vieram os Jaguares. Estes foram os manipuladores
das forças sociais que estabeleceram as bases dos povos e nações. Mais
numerosos que os Equitumans e os Tumuchys, eles deixaram suas marcas em todos
os povos, e é por isso que a figura desse felino aparece em tantos monumentos
antigos. Aos poucos, esses espíritos foram deixando para trás essas
identificações, e foram nascendo em meio aos povos e nações que eles haviam
ajudado a criar. A partir daí, podemos entrar na História e identificar,
razoavelmente, as civilizações que se seguiram até nossa época. Nomes como
chineses, caldeus, assírios, persas, hititas, fenícios, dórios, incas, astecas,
gregos, etc. já nos são familiares pela História. Nessas raças e povos, através
de milhares de anos, esses experimentados espíritos acabavam, sempre, ocupando
posições de mando e se destacavam como reis, nobres, ditadores, cientistas,
artistas e políticos. Nessa movimentação gigantesca, no tempo e no espaço,
podemos traçar as origens mais próximas dos espíritos que, hoje, fazem parte da
missão chamada Vale do Amanhecer, a partir dos hititas, depois os jônios e os
dórios. Mais tarde, vamos encontrá-los em Esparta, Atenas, Egito e Roma.
Principalmente em Esparta e na Macedônia, teve início o percurso que se poderia
chamar a “Era Moderna” dos Jaguares. A partir dessa origem, os destinos dos
Jaguares foram convergindo para a Era de Peixes, para o nascimento de Jesus.
Aqueles que eram da falange do Jaguar, que no século XVI tomou o nome de Seta
Branca, fizeram seu juramento e iniciaram sua nova fase, agora sob a bandeira
de Jesus e sua Lei do Perdão. Jesus inaugurou a fase de redenção cármica do
Sistema Crístico, chamada Escola do Caminho, e, desde então, esse grupo de
Jaguares passou a agir de acordo com ela. Assim, no decorrer desses quase vinte
séculos, os ciclos civilizatórios têm sido orientados no sentido da redenção,
do ressarcimento e do retorno dos espíritos para sua origem, a caminho de Deus.
A partir dessa idéia, as guerras, as catástrofes e os desenganos passaram a ter
um sentido, uma razão de ser, servindo como escola e liça de treinamento para
os espíritos, individualmente. Com Jesus nasceu a abertura para a
individualidade, onde, antes, só havia caminho para a personalidade. Na Escola
do Caminho, o artista é mais importante que o personagem que ele representa.
Isso explica porque a visão do mundo só é válida em termos do indivíduo, e não
de acordo com padrões condicionadores. As encarnações são como papéis, em peças
previamente escritas e ensaiadas. Cada artista tem seu papel e seu desempenho:
pode melhorar ou piorar a cena. A peça torna-se boa ou má, de acordo com o
conjunto do desempenho. E, como no teatro, também o público tem o seu papel,
pois não se concebe representação sem público. Cada peça tem sua mensagem, e o
artista é considerado bom ou não, de acordo com sua capacidade de contribuir
para que ela seja perfeita. Assim, dentre as muitas peças apresentadas no palco
da vida, nesses 2.000 anos, surgiu a estória da escravidão e o nascimento da
didática dos “Pretos Velhos”. Os Jaguares da falange que hoje compõem o
movimento do Vale do Amanhecer, são espíritos evoluídos, que já ocuparam
personalidades importantes entre os Equitumans, Tumuchys e Jaguares. Na sua
maioria, foram líderes nas ciências, nas artes, nas guerras e na direção dos
povos e nações. Isso os tornara orgulhosos e soberbos, e, como conseqüência,
eles haviam se endividado muito. Surgida a Era de Jesus, teriam que passar pelo
crivo da Humildade, da Tolerância e do Amor, como, aliás, todos os espíritos
que iriam compor a humanidade desses dois milênios. Mas, para eles, habituados
às lideranças, seu papel teria que ser de destaque. E assim aconteceu...
Portugal dominava os mares, nos séculos XV e XVI. Seus navios singravam as
águas dos continentes, e iam deixando colônias onde acostavam. Dessas colônias,
em países considerados exóticos pelos europeus, iam para a Europa as
mercadorias especiais, as “especiarias”. Com essas mercadorias vieram, também,
os escravos. Os europeus estavam habituados, desde tempos remotos, com a idéia
da escravidão de prisioneiros de guerra ou devedores de dinheiro. A idéia do
escravo pela simples escravização existia, nessa época, mais na África e no
Oriente. Com a vinda dos primeiros escravos negros importados, nasceu sua
comercialização, que se tornou importante na Era dos Descobrimentos. No
decorrer dos anos, a escravidão se tornou uma instituição, um hábito normal de
vida, aceito, inclusive, pelas religiões. Assim era quando o Brasil foi
descoberto. Pouco depois do descobrimento, já começaram a vir os primeiros
escravos para a lavoura de cana de açúcar. Esse comércio durou até 1888. Para a
História, a escravidão ficou registrada como apenas um episódio, às vezes
chamado de “mancha negra da História do Brasil” ou como resultante dos fatos
econômicos da época. Para o plano espiritual, a escravidão foi, na realidade, o
movimento redentor, a grande prova dos espíritos missionários, dos individados,
dos orgulhosos, pois tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a
eliminação da personalidade, com isso obrigando a emersão da individualidade.
Como no teatro, em que, às vezes, o artista sobrepõe-se ao personagem, certo
número de escravos lançou as bases da etapa final da Escola do Caminho, criando
raízes na religiosidade brasileira. Dentre esses escravos estavam um sem número
de Jaguares que, por sua vez, haviam sido Equitumans e Tumuchys. Dois velhos
líderes se destacaram, dois espíritos excelsos que, na qualidade de
missionários, se submeteram à difícil prova, duas individualidades que
representaram os personagens Pai Zé Pedro e Pai João. Nos 372 anos que durou a
escravidão no Brasil, eles foram escravos em duas encarnações. A escravidão
tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a eliminação da
PERSONALIDADE e o conseqUente nascimento, ainda na Terra, da INDIVIDUALIDADE. A
pessoa humana perdia sua identidade ao ser escravizada, ou já nascia sem ela,
se nascesse filha de escravo. A conseqüência doutrinária desse fato é de grande
importância: não podendo impor as exigências do corpo e da alma, o escravo era
praticamente obrigado a ceder às exigências de seu espírito. Daí nascerem as
práticas mediúnicas entre os escravos no Brasil. Numa
primeira encarnação, Pai Zé Pedro e Pai João eram escravos vindos da África. Como bons missionários, foram os primeiros a
sentir na carne os rigores da dolorosa experiência encarnatória. Ao envelhecer
e serem considerados pelos seus senhores como inúteis, ele, aproveitando a
nostalgia natural dos seus companheiros de escravidão, criaram a prática dos “encantos”.
Esses tradicionais espíritos de grandes chefes, agora reduzidos às figuras de
míseros escravos, tinham, também, pertencido a civilizações em que praticamente
não se utilizara a escrita no cotidiano. As ordens eram transmitidas e
recebidas pelo som, pelo comando da voz, pelas senhas secretas, pela magia
vibratória. Suas memórias estavam treinadas, nesses milhares de anos, pela
gravação dos fatos narrados, cantados, expressos pelo som. Quando o som não se
tornava possível, a comunicação era pelo gesto, pela mímica. E assim os
escravos se comunicavam, davam vazão aos anseios de seus espíritos, pelo gesto,
pela dança, pelos cânticos e pelos gemidos... O instrumento mais simples e mais
prático foi o ATABAQUE. Pai João sentava-se num toco e tocava seu atabaque. Seu
som cadenciado ia formando os MANTRAS, que se espalhavam misteriosamente nas
florestas e nas almas dos homens. E assim, lentamente, através do enredo
dramático, num palco privilegiado adrede preparado, chamado Brasil, foram
nascendo os chamados cultos afro-brasileiros. Como espíritos veteranos deste
planeta e integrantes da missão do Cristo Jesus, Pai João e Pai Zé Pedro eram
possuidores da necessária bagagem mediúnica e iniciática que lhes facilitava a
tarefa. Embora pertencentes a fazendas distantes uma da outra, eles se
transportavam e conversavam entre si. Pai João, mais habituado que Pai Zé Pedro
aos reinados e comandos, era o executivo. Pai Zé Pedro, mais místico, executava
a Magia. E foram acontecendo coisas extraordinárias nas relações dos escravos
com seus senhores. A História do Brasil está cheia de lances emocionantes que
envolveram não só os escravos como, também, os brancos. É preciso lembrar que
nem todos os espíritos a serem redimidos haviam nascido como escravos. Todos,
porém, tinham uma parte no enredo, todos participavam, de uma forma ou de
outra, do gigantesco drama cármico. Enquanto isso, as práticas de Magia, os
cultos misteriosos e mediúnicos, iam se desenvolvendo entre os escravos, em
muitos aspectos envolvendo, também, os brancos senhores. Sob a orientação dos
Mentores e a execução de espíritos missionários encarnados, surgiram as
práticas religiosas miscigenadoras. Mais tarde, Pai João e Pai Zé Pedro
voltaram em novas encarnações, ainda como escravos, mas, desta vez, nascidos na
Índia. A partir desse retorno as práticas foram evoluindo, agora com o lastro
místico da Índia e do Tibete. Nasceu a mediunidade iniciática e, com ela, a
passagem de espíritos sofredores, a redenção mediúnica. Os cultos foram se
misturando e fazendo parte de uma sociedade brasileira ainda incipiente. Na
Europa, nascia o Espiritismo de Kardec e as práticas se misturavam com o
catolicismo oficial. Essa é a razão da dificuldade na separação das raízes dos
cultos no Brasil. Os historiadores nunca vão encontrar
uma linha pura e com sua origem determinada. Mas, no mundo espiritual, os planos prosseguiram com naturalidade,
objetivamente. Enquanto os conflitos sociais agitavam a superfície dos males da
alma e do corpo, o espírito prosseguia tranqüilo nas suas tarefas de reajustes.
Nesse período surgiu o episódio das Princesas de Mãe Yara. Havia sete espíritos
de mulheres que haviam participado ativamente de muitas encarnações dos
Jaguares. Numa dessas encarnações, elas haviam morado na mesma cidade de Pompéia.
Essa cidade do império romano tinha sido um balneário, cidade recreio dos ricos
romanos e, no período de decadência, se transformado em uma cidade cheia de
vícios. Um dia, houve uma erupção de um vulcão, o Vesúvio, e Pompéia ficou
coberta de cinzas. As sete moças morreram nessa tragédia e seus espíritos
permaneceram no recolhimento e na revolta. Depois disso, elas encarnaram várias
vezes, até atingir a evolução. Mas, elas conservavam,
ainda, os resíduos de seus compromissos, assumidos na vida leviana que haviam
tido anteriormente. Com isso, elas foram incluídas no plano redentor da
escravidão. Seis delas nasceram como filhas de escravos e uma numa família de
colonizadores portugueses. Embora não se conhecessem, pois viviam em fazendas
diferentes, elas tinham um traço em comum: não se adaptavam, não aceitavam a
sua condição de crioulas escravas. A sétima moça, aquela que havia nascido como
branca, também era inconformada com a vida daquele Brasil Colônia e, sempre que
podia, procurava a senzala, para conviver com as escravas. Uma a uma, as
crioulas foram fugindo de suas senzalas e, orientadas pelo plano espiritual,
foram se encontrando numa determinada região. Nesse lugar havia uma cachoeira
que escondia um ponto da floresta de difícil acesso, e lá elas estabeleceram
seu lar. Pai João e Pai Zé Pedro, com o conhecimento da missão reservada para
aqueles espíritos missionários, encobriam, com suas astúcias de velhos
escravos, a escalada das crioulas. A branca e loura sinhazinha, estimulada
pelos velhos laços espirituais, também buscou a companhia das crioulas. Certo
dia, ela apareceu num barco e trouxe consigo uma enorme bagagem de objetos e
alimentos. E, assim, a falange ficou completa. A região da cachoeira das
crioulas passou a ser um local de encontro de escravos e escravas, que buscavam
o lenitivo para sua vida de dores e sofrimentos. Os pretos velhos montavam
guarda e usavam todo seu conhecimento da Magia para que os planos tivessem
prosseguimento. Os atabaques percutiam nas noites de lua cheia e os escravos dançavam
e cantavam. Aos poucos, a energia extraetérica foi se juntando com a força
mediúnica e as bases da futura religiosidade foram se firmando. A Magia dos
pretos velhos produzia os fenômenos de contato entre os planos. Usando seus
conhecimentos das ervas e das resinas, os velhos escravos materializavam
espíritos e faziam profecias dos acontecimentos. A cachoeira das crioulas
passou a ser um ponto de irradiação de forças espirituais. Tanto os espíritos
encarnados como os desencarnados iam se impregnando da Doutrina e formando
falanges de futuros trabalhadores na seara do Cristo. Enquanto na parte
litorânea do Brasil Colônia surgia uma religiosidade nova, calcada nas
tradições dos Pretos Velhos e dos Caboclos, no interior e no oeste brasileiro,
ainda não penetrados pelos brancos, havia acontecimentos semelhantes, mas de
uma ordem diferente. Ali, as tribos nômades, em guerras permanentes, percorriam
as florestas repletas de energias deixadas pelas antigas civilizações desta
parte do mundo, das vanguardas dos Tumuchys e dos Jaguares de milhares de anos
anteriores. Usinas de forças cósmicas e extraetéricas, desativadas e cobertas
pela vegetação bravia, eram e são veneradas pelos índios como lugares sagrados.
Bem para o oeste, nas fronteiras então inexistentes com a América hispânica,
nos contrafortes dos Andes, havia um poderoso cacique, cujo exército era
composto por cerca de 800 guerreiros. Nesse tempo, enquanto os portugueses,
franceses e holandeses disputavam a conquista do litoral leste da América do
Sul, os espanhóis penetravam ao sul e ao norte, em direção ao centro-oeste.
Munidos de armas de fogo e de cavalos, sedentos de ouro e pedras preciosas,
esses guerreiros desembarcados foram conquistando os territórios andinos e
derrotando os Incas desprevenidos. Numa dessas batalhas desiguais, uma tribo
Inca, sentindo-se ameaçada de extermínio, pediu ajuda ao poderoso cacique da
floresta. Este, com seus 800 guerreiros, atendeu ao apelo e foi enfrentar os
espanhóis. Poucos da tribo o sabiam, mas o grande cacique, como Pai João e Pai
Zé Pedro, era o espírito reencarnado de um grande mestre planetário, que já
havia sido um Jaguar, um espartano, um faraó e, já na Idade Média européia, o
espírito que se chamou Francisco, canonizado pela Igreja Católica como São
Francisco de Assis. Sua missão, no comando da tribo de guerreiros, era a de
levar aqueles velhos espartanos à evolução. Enquanto esses sofriam as agruras
do índio nômade, outros passavam pelo crivo doloroso da escravidão negra. Mas,
tanto num lado como no noutro, havia muitos dos espíritos dos velhos
Equitumans, dos Tumuchys e dos Jaguares, que haviam prestado seu juramento ao
Mestre Jesus dois mil anos antes. O grande cacique enfrentou os espanhóis com
muita diplomacia, evitou o derramamento de sangue, sem deixar de salvar aquela
tribo Inca e, por esse feito, acrescentado à sua atuação humanitária, ganhou o
nome de Cacique Seta Branca. E, assim, os episódios de verdadeiro heroísmo
espiritual foram sucedendo de um lado e de outro. Do Brasil Colônia ao Brasil
Império, no litoral escravocrata e no oeste selvagem, o Sistema Crístico foi
sendo implantado, com rotulagem diferente, mas igual no seu cerne, preparando o
advento do próximo milênio. É preciso se ter em conta esses fatos e muitos
outros, impossíveis de serem relatados aqui, para se entender o fenômeno “Vale
do Amanhecer”. A partir da Segunda metade do Século XIX, os velhos Equitumans e
Espartanos começaram a se reunir no Brasil ainda imperial, mas já independente.
O local escolhido foi um ponto do território brasileiro, no sul da Bahia,
composto de duas enormes fazendas e um arraial, chamado Angical. Para lá
convergiam escravos recém libertos, políticos exilados da Corte, aventureiros e
pessoas em busca de riqueza fácil, longe dos olhos administrativos da Corte. O
ponto focal desse encontro era uma velha casa de fazenda, chefiada por uma
ex-escrava chamada Matildes, conhecida por nós como o “Congá de Mãe Tildes”.
Essa foi a última encarnação da maioria dos espíritos, antes da atual, que
compõe a falange dos Jaguares de Pai Seta Branca. Essa falange é composta por
cerca de 30.000 espíritos, identificados através dos milênios com as mesmas
tendências e, atualmente, absolutamente integrados no Sistema Crístico. Alguns
desses espíritos já se redimiram na Lei Cármica, e estão no comando da missão,
junto ao Pai Seta Branca, o responsável por ela. Outros estão encarnados, ainda
na fase de redenção cármica, e cumprem sua missão no Vale do Amanhecer. Outros
ainda estão para chegar, aguardando sua vez nos planos etéricos.
POSIÇÕES NO VALE DO AMANHECER DOUTRINAS RELIGIOSAS
Não é
permitido, aos médiuns da Corrente, fazer críticas ou censuras a quaisquer
doutrinas ou religiões. Tanto que, na livraria existente no Vale, são vendidos
livros de quaisquer religiões ou doutrinas, selecionados, apenas, pela
seriedade com que abordam o problema. O Vale do Amanhecer não é ligado a
qualquer organização doutrinária ou religiosa da Terra. Identifica-se com o
Espiritismo, pela crença básica na reencarnação. Na verdade, o
reencarnacionismo não é privativo do Espiritismo, mas pertence à mais remota
tradição iniciática.
RITUAL
A prática doutrinária dos Templos do Amanhecer é
feita mediante rituais, com o uso da imagem, do som, da movimentação, da cor,
dos objetos e tudo o mais que tenha sentido ritualístico. Algumas dessas
práticas se parecem com usos de outros grupos doutrinários, mas isso é apenas
coincidência, sem implicações filiativas. Na verdade, o ritual do Vale é muito
original, e apenas se assemelha, em algumas facetas, com rituais conhecidos. Na
essência, entretanto, tais rituais têm um sentido às vezes muito diferente.
PRETOS VELHOS E CABOCLOS
O Vale só trabalha e aceita
auxílio de espíritos que já atingiram o estágio da Luz, que já superaram a
faixa cármica, que estão acima do Bem e do Mal, conforme conceito da Terra.
Tais espíritos, no Vale chamados de Mentores, se apresentam com as roupagens
que proporcionam melhor resultado no seu trabalho através dos médiuns. Por
isso, eles usam os “macacões” de Pretos Velhos, ou os “penachos” dos Caboclos.
Mesmo assim, esses espíritos dispensam o “personalismo” habitual dessas figuras
e jamais interferem no livre arbítrio dos espíritos encarnados. Também não
fazem uso de objetos, bebidas, charutos etc., pois seu trabalho é iniciático. A
Doutrina do Amanhecer não é Umbanda, Candomblé, Quimbanda, Kardecismo,
Induísmo, Teosofia ou Catolicismo. É, apenas, uma Doutrina com sentido
universal, com base no Sistema Crístico.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
O Vale do Amanhecer não se propõe a fazer
serviço social ou de assistência aos pobres. Por isso, sua organização formal é
muito simples, não havendo convênios, ambulatórios, escolas e as coisas
habituais para esse tipo de trabalho. O Vale proporciona, apenas, assistência
espiritual, que dê às pessoas a oportunidade de se reequilibrar e se adaptar ao
meio. Também, não tem serviço de internamento de doentes, fazendo apenas
exceção ao tratamento em pequena escala do alcoolismo, mediante internamento
por períodos curtos. Outra exceção é em relação a menores abandonados, que são
aceitos em pequeno número, dentro das possibilidades de um orçamento limitado.
Na verdade, as crianças do Vale – ou “os meus meninos e meninas”, como diz Tia
Neiva – são os casos excepcionais, que resultam de algumas consultas ou pedidos
pessoais a ela. Ela os considera como seus filhos e sua permanência não se
compara aos sistemas de orfanatos habituais. Eles têm as mesmas regalias de
quaisquer outros menores, vivem sem regimes rígidos ou coerções de qualquer
espécie, e encontram, no Vale, um ambiente físico e social que lhes permite
reformular suas personalidades e corrigir seus traumas.
SERES E VEÍCULOS EXTRATERRESTRES
A Doutrina do Amanhecer
considera o relacionamento interplanetário, entre a Terra e os outros corpos
celestes, como coisa natural e própria da mecânica do universo. Através dos
milhões de anos, seres e coisas de todos os tipos, concebíveis e inconcebíveis,
viajam, chegam até a Terra e dela partem, no que poderia se chamar de “osmose
cósmica”, na qual não existe descontinuidade ou vazios. No presente ciclo, com
base na sensatez do Sistema Crístico, traduzido na Escola do Caminho do Mestre
Jesus, cujas assertivas não fogem, necessariamente, ao senso comum e à
verificação de nossa consciência, o quadro se apresenta assim: existem comunicações
entre os espíritos encarnados na Terra (que, nesse caso, poderiam ser chamados
“terráqueos”) e espíritos “encarnados” num conjunto planetário, existente no
outro lado do Sol. Por razões que ainda não foram convenientemente explicadas,
dá-se a esse conjunto o nome de Capela, que é a maior estrela da constelação do
Cocheiro, de nossas cartas celestes. Pela nossa visão do problema, todos os
espíritos encarnados na Terra vieram de Capela, e, algum dia, retornarão para
aquele mundo. Os Capelinos são físicos, embora não se possa afirmar que sejam
da nossa natureza física. Sabemos, apenas, que sua forma é semelhante à nossa,
ou melhor, nós nos assemelhamos a eles. Entre Capela e a Terra existem planos
intermediários, que também poderiam ser chamados de “lugares” ou “etapas”, da
trajetória dos espíritos que vêm ou que vão, nesse percurso entre dois pontos
físicos. Nesses pontos intermediários, os espíritos se revestem de corpos
adequados às leis que regem esses planos. Dada à quase impossibilidade da
descrição desses estados da matéria espiritual, nós os descrevemos,
generalizadamente, de “corpos etéricos” ou “estado etérico”. Conclui-se, então,
que os espíritos viajam, mas os seus corpos físicos não. Para os espíritos se
deslocarem, eles deixam seus corpos físicos e se revestem de corpos etéricos.
Assim, todos os fenômenos de contatos extraterrestres seriam feitos “em
etérico”, cuja organização molecular não é perceptível aos sentidos normais,
razão pela qual eles são chamados de “extrasensoriais” ou “paranormais”. O
registro, no campo consciencional, das atividades etéricas, é feito de maneira
diferente das atividades sensoriais; ele é feito e traduzido para a percepção e
elaboração mental de acordo com os dados preexistentes no banco de memória
cerebral. Por este fato básico é que as coisas do Céu são concebidas de acordo
com as coisas da Terra. Portanto, não existe coisa mais terráquea do que os
discos voadores que, comprovadamente, são vistos. Com isso, voltamos à
proposição básica de que “o mundo não é como é e, sim, como nós o vemos”...
Nessa tentativa de explicar o que é normalmente inexplicável, deve ser
destacado um dado básico: existe um etérico terrestre, sujeito às leis do
planeta, dentro dos seus círculos gravitacionais, e o extraetérico, ou seja, as
camadas etéricas de Capela. Aceitando-se o fato de ser Capela o nosso “Céu”, ou
destino final, seu etérico seria o mundo espiritual, enquanto o etérico da
Terra seria o mundo psicológico, ambos tendo, também, um mundo físico. Por essa
razão é que muitos fenômenos considerados extraterrestres deveriam ser
encarados, apenas, como extrafísicos. Sabendo-se, como se sabe, das
propriedades extraordinárias do ectoplasma, e tendo-se em conta a tendência
natural para o antropomorfismo humano, será relativamente fácil de se presumir
a existência de fenômenos extrasensoriais que passam por extraterrestres. Nesse
sentido, aqui fica a última posição do Vale do Amanhecer: Se os seres que se
apresentam com suas naves forem apenas espíritos da Terra, isto é, espíritos
desencarnados que habitam o etérico da Terra, eles são os construtores dessas
naves e podem ser vistos e palpados, uma vez que são materiais ou
materializados; se, porém, forem seres de Capela, eles serão vistos, apenas,
pela visão etérica – também chamada de mediúnica – uma vez que essa é a maneira
natural de se relacionarem conosco, maneira essa que não interfere com a Lei da
Terra e respeita o livre arbítrio do Homem. A confusão entre os dois fenômenos
apenas existe porque o Homem conhece pouco de si mesmo e sua ciência ainda ser
limitada pelo conceito bipolarizado de positivo e negativo, e não sabendo que
esses dois pólos se fundem num só, chamado espírito. Eventualmente, e mediante
a manipulação de energias mais sutis que o ectoplasma, os Capelinos podem se manifestar
fisicamente, como já o fizeram no passado remoto. Esse dispêndio energético,
entretanto, não é feito, pelo simples fato de que sua mensagem é transmitida
pelo processo mediúnico, como foi dito acima, o qual não dispensa a
participação voluntária do Homem, não interferindo, assim, no livre arbítrio.
Pelo que nos diz Tia Neiva de seus transportes, as naves de Capela, no Vale do
Amanhecer chamadas chalanas ou estufas, são bem diferentes, na forma e na
constituição, dos chamados discos voadores.
A CRUZ E A ELIPSE
Ao chegar ao Vale do Amanhecer, logo
depois do portão de entrada, o visitante se deparava com uma cruz envolta com
um pano branco. Chamada a “Cruz do Cristianismo”, estava plantada ao nível do
chão. Logo depois, na porta do Templo do Amanhecer, existe uma elipse de ferro.
Na Estrela Candente do Solar dos Médiuns, existe uma igual e outra fixada no
alto dum morro. Além da função captadora de energias, a elipse nos traz uma
importante mensagem: a evolução do Cristianismo, de sua fase do martírio para
sua fase científica. O martírio se relaciona diretamente com o carma, e a
necessidade de sua redenção pela dor. Entretanto, já estamos no limiar do
próximo milênio, no qual a razão e a atitude científica predominarão sobre a
dor e o sofrimento. Esse fato é verificado, experimentalmente, pelos mestres do
Vale do Amanhecer.
MEDIUNIDADE
Essa atitude científica é que faz com que os
médiuns do Vale sejam considerados cientistas espirituais. Isso se tornou
possível graças à criação, pela Clarividente Neiva, da figura do Doutrinador.
Até então, confundia-se mediunidade com incorporação, fato esse que conceituava
de médium somente a pessoa que manifestasse fenômenos visíveis de
relacionamento com a outra dimensão. Com a criação do Doutrinador, o médium que
trabalha com o sistema nervoso ativo e cujas manifestações mediúnicas se fazem
através de sua expressão sensorial normal, essa interpretação da mediunidade
tende a desaparecer. Todos os seres humanos são médiuns, isto é, todos são
intermediários entre os diferentes campos vibratórios que compõem o mundo.
Existem múltiplas formas de mediunidade, que vão desde o transformismo
energético dos alimentos até as mais altas manifestações de sensibilidade
espiritual. Faltava, apenas, a demonstração viva do Doutrinador e a admissão de
que os planetas e corpos celestes não são apenas o físico denso, concreto e
palpável, mas são compostos de várias camadas vibratórias.
CIÊNCIA DO HOMEM
A Doutrina do Amanhecer é, apenas, a
Doutrina de Jesus adequada aos tempos atuais. Como resultante dessa
atualização, ela forma nova perspectiva, uma visão mais objetiva da realidade
humana. Para o caro leitor e eventual visitante do Vale do Amanhecer, é
importante ter isso em mira, se quiser realmente conhecer o Vale. O conceito
trinário do Homem – corpo, alma e espírito – abre, automaticamente, para a
Ciência, uma nova possibilidade de interpretação correta dos fenômenos
psicológicos. Na verdade esse conceito é transmitido aos médiuns de forma mais
técnica, mais científica, do que a Doutrina apresentada ao visitante ou ao
corpo mediúnico em massa. A vida humana é controlada pelos chamados centros
coronários, que se localizam na região do umbigo, no plexo solar. Também
chamado de sistema coronário, esse núcleo de comando da vida é organizado pelo
sistema universal do átomo, tomado nos seus aspectos básicos de três
partículas: o ANION, o NEUTRON e o CATION. O perispírito é o espírito revestido
de energia adequada à sua permanência na Terra. A alma é o microcosmo, ou seja,
o princípio ativo coordenador, modelador, redutor, que determina o ”estar” do
espírito na situação de encarnado. É ela que modifica o estado de “ser” do
espírito para a situação de “estar” desse mesmo espírito. Ela é a barreira
entre os vários planos vibratórios do SER e que mantém esse SER na posição
planejada, que busca, pesquisa, informa e fornece elementos de decisão para o
EU, ao mesmo tempo em que estabelece os limites da movimentação do ser humano.
É por isso que o centro coronário da alma é portador dos sentidos, da mente, do
mecanismo da razão e tem, como base, o sistema nervoso. O centro coronário do
corpo é o mundo da energia condensada, o controlador do quantum físico, o plano
da matéria. É ele que determina a Lei Física e regula os aspectos quantitativos
e qualitativos da organização celular. Há, portanto, uma lei do espírito e uma
lei do corpo, mas é a alma que determina a Lei do Homem. Homem é sinônimo de
espírito encarnado. O espírito-ion, ou o espírito ionizado, ou, ainda, o
perispírito, age no campo da influência controlado pela alma-neutron ou alma
neutronizadora. O centro coronário espiritual exerce sua ação limitada pelo
centro coronário anímico. O mesmo acontece com o corpo-cation ou centro
coronário físico, que atende às exigências do centro coronário neutron ou
centro coronário da alma. O Homem equilibrado é o que tem seus três centros
coronários em harmonia, ou seja, que recebe a proporção exata de influência de
cada um dos dois outros centros coronários – do espírito e do corpo – nos
limites estabelecidos pelo centro coronário da alma, ou seja, do neutron.
A CIÊNCIA DO COSMO
“Assim na Terra como no Céu...”
nos diz o Pai Nosso. O microcosmos tem a mesma organização do macrocosmos. O
sistema atômico tanto se aplica à menor unidade da matéria que se possa conceber,
como se aplica à maior unidade, ou seja, o maior concebível, o cosmos, o
universo. Na visão astronômica, por exemplo, podemos conceber uma região anion,
outra neutron e outra cation. Assim é o relacionamento interplanetário, no qual
sempre existe uma zona neutrônica, uma aniônica e outra catiônica, sendo esta
última o mundo físico de cada planeta. Isto nos leva a outra premissa, uma
analogia muito plausível: a existência de um espírito, de uma alma e de um
corpo da Terra. Temos, assim, um mundo espiritual (anion), um mundo anímico
(neutron) e um mundo físico (cation), todos englobados num mundo único, ou
seja, a Terra. Se aplicarmos o mesmo princípio aos outros corpos do universo,
podemos conceber um relacionamento no plano do espírito, outro no plano da alma
e outro no plano físico, cada um regulado pelas suas próprias limitações ou
áreas de influência, controladas pelo neutron. Isso explica a autonomia de cada
unidade e, também, o porque não existe relacionamento físico entre os corpos
astronômicos físicos, uma vez que não é possível ultrapassar a barreira do
neutron. Se, por uma hipótese absurda, se eliminasse o neutron, o anion
pulverizaria o cation, e vice-versa, se o cation ultrapassasse a barreira do
neutron e atingisse o anion, seria pulverizado, desintegrado por ele. Assim, o
espírito chega ao corpo neutronizado, o mesmo acontecendo com o corpo em
relação ao espírito. É nossa alma que age, busca, informa e possibilita ao
nosso EU as decisões. Aceito esse princípio, lógico e verificável individualmente,
nós temos que admitir, por extrapolação, que nenhuma partícula física, formada
no princípio do mundo físico, portanto na Terra física, pode atingir outro
mundo físico, a não ser que, depois de neutronizado, tome nova organização, de
acordo com esse outro mundo. Isso explica, inclusive, porque os meteoros e
meteoritos, se oriundos de outros corpos celestes, chegam à superfície com a
mesma composição físico-química da Terra física. Ao penetrarem na zona
neutrônica da Terra, eles são desintegrados e se reintegram nas leis da zona
catiônica da Terra. Ou, talvez, sejam os meteoros e meteoritos partículas
oriundas da própria Terra física, que se desprendem, atingem os limites
neutrônicos, e voltam para sua zona catiônica de origem. Com isso, temos chegado
à explicação do fenômeno da desintegração, integração e reintegração.
Entretanto, a Lei da Conservação da Matéria nunca foi violada, nem mesmo quando
seres extraterrestres, em épocas de vácuos civilizatórios do planeta Terra,
aqui chegaram fisicamente. Eles chegaram, é verdade, mediante o sistema de
desintegração, integração e reintegração. Os limites neutrônicos foram sempre
obedecidos. Seres extraplanetários aqui na Terra tiveram corpos físicos, mas da
física terrena. As diferenças, como no caso dos Equitumans (vide “2.000 –
Conjunção de Dois Planos”, Ed. Vale do Amanhecer) foram preestabelecidas a
priori, antes da vinda (eles não nasceram como nós outros), de acordo com a
época e a missão.
O INVISÍVEL DA TERRA
A zona neutrônica da Terra é a
fonte das especulações de religiões, filosofias e teologia de todos os tempos.
A linguagem mais comum (que no Brasil se usa até mesmo para ironizar estados
psicológicos) é se falar em “astral”. Segundo o “Grande Dicionário Etimológico
Prosódico”, de Silveira Bueno (Ed. Saraiva, 1963), astral é um adjetivo,
espécie de véu que envolve a alma, doutrina de Paracelso retomada pelos
espíritas (do Latim, astralis ou astrale – corpus). Paracelso foi um alquimista
do Século XV, que estabeleceu certa relação entre partes do organismo humano e
os astros, dentre suas várias teorias. Por outro lado, a palavra astral
significa, também, corpos celestes – do Céu. Na qualidade de “um véu que
envolve a alma”, pode-se perceber a natureza neutrônica do que chamamos de
astral. As divisões que fazemos, de astral superior e astral inferior, ou baixo
astral, indicam, somente, as posições entre o núcleo e a periferia do neutron,
que é uma energia contrátil e expansiva (forças centrípeta e centrífuga). Da
mesma forma que a palavra astral, se usa a palavra etérica, que seria um fluido
sutilíssimo (admitido pelos físicos), espalhado por todo o universo (vide o
mesmo dicionário). A similitude com a descrição do neutron é a mesma que a do
astral. Por esse motivo, e por uma questão de semântica, consideramos as
descrições de planos astrais e planos etéricos úteis para nos servir como
adjetivação – maneira de dar nomes, qualificar as coisas – mas, nunca como
“coisas”. O principal, porém, é não confundir os planos vibracionais do neutron
e do anion, fazendo passar por espiritual o que é apenas invisível.
O PROSELITISMO
O Vale do Amanhecer é muito rígido nessa
questão de proselitismo, evitando, sempre que possível, ter que “vender” suas
idéias a respeito de como as pessoas devem se comportar em termos religiosos. É
preciso que não se confunda a posição do cliente que apenas vai ai Vale para
receber assistência espiritual e, com isso resolve seus problemas, e aquele
outro que apresenta uma situação de anormalidade mediúnica. Esse último está
num quadro de patologia mediúnica e precisa, por uma questão de honestidade,
ser advertido disso. Nesse caso, ele é aconselhado a se desenvolver onde ele
achar melhor, sem que se afaste a possibilidade de isso acontecer no Vale. Isso
acontece, entretanto, com apenas meio por cento dos frequentadores. Uma em cada
duzentas pessoas apresenta sintomas de mediunidade aflorada, que precisa de
cuidados técnico-mediúnicos.
A ESTRELA CANDENTE
Esse trabalho ritualístico do Vale do Amanhecer
merece uma explicação à parte, uma vez que mais chama a atenção do visitante
pela sua originalidade. O conjunto, chamado Solar dos Médiuns, que inclui uma
estrela de seis pontas – dois triângulos equiláteros cruzados, invertidos – , é
a base física adequada para a manipulação de energias diversas. Cada detalhe ou
divisão representa uma linha de força espiritual, todas se reunindo na
cerimônia final da Estrela Candente. A base dessa manipulação de forças é o
médium em grau de Mestrado, o qual é desenvolvido e iniciado para esse fim.
Toda a cerimônia é executada pelos Mestres Sol (Doutrinadores e Doutrinadoras)
e os Mestres Lua (Aparás positivos e negativos). O princípio do ritual, chamado
de Consagração, é a concentração. Os mestres, em número mínimo de quatorze
pares, se concentram nos bancos, em frente ao Radar de Comando. O Comandante dá
início ao ritual. Os Mestres Lua sobem a rampa e aguardam ao lado do Radar. Em
seguida, os Mestres Sol sobem a escada e apanham as suas ou os seus Mestres
Lua. Descem com eles, segurando as pontas dos dedos. Todos os pares se juntam
atrás dos bancos e, quando todos tiverem terminado o Coroamento (o ato de subir
a escada e apanhar o seu par), dão início à Jornada. Sobem a rampa, à esquerda
da Cachoeira, e cada par faz sua preparação em frente ao Triângulo da Cachoeira.
Passam por trás do Comandante e descem em direção à Estrela. Divididos em
partes iguais, os pares se colocam nos Esquifes. O Mestre Sol fica de pé na
parte mais baixa do Esquife, e o Mestre Lua senta-se no banquinho de alvenaria
ao lado. Os dirigentes se colocam nos dois Tronos, nas pontas dos triângulos: o
Mestre Sol na ponta do amarelo e o Mestre Lua na ponta do azul. O Comandante
ordena a preparação e todos os Mestres Sol dão as mãos. Depois, deitam-se nos
Esquifes e permanecem alguns minutos, até que se completem os cantos
ritualísticos. Depois, fazem a invocação dos espíritos que irão passar naquele
trabalho e, em seguida, fazem a entrega deles ao outro plano. Depois isso, os
Mestres Lua incorporam as entidades das águas, e fazem a impregnação da Estrela.
Esse mesmo ritual, ampliado, envolvendo o Lago do Jaguar, ou Lago de Yemanjá,
chama-se Unificação. Esse trabalho ritualístico é feito para a desintegração de
energias carregadas negativamente, e para espíritos que não teriam condições de
passar num simples trabalho mediúnico. Como complemento, são manipuladas
energias dos planos superiores, que são dirigidas para beneficiar a
coletividade, principalmente os hospitais, os presídios e as concentrações
administrativas do governo. Esse trabalho é realizado todos os dias, nas
faixas: 12,30 até 13,30; 14,30 até 15,30; e 18,30 até 19,30 horas. Na faixa da
Lua Cheia, o trabalho é obrigatório (uma vez cada Lua) para todos os mestres e,
nesse caso, se chama Anodização.
Elaborado pelo 1º
Mestre Sol Tumuchy Mário Sassi em 1979