26 de junho de 2017

O Amanhecer das princesas na Cachoeira do Jaguar: Capítulo VII



Salve Deus!
Meu filho Jaguar!
Vamos voltar à Cachoeira do Jaguar, vamos mais uma vez sentir a realização daquele povo, os nossos antepassados.
É, filhos, quem diria que aquela filosofia de Pai João e Pai Zé Pedro partisse daqueles Nagôs! Sim, filhos, é preciso que conheçam a vida fora da matéria, sabendo que vivemos na terra a experiência de que somos testados pelos nossos amores e pesados pelos nossos corações.
Vivemos neste globo terrestre onde analisamos a um ovo; a vida atmosférica que não nos dá a mínima condição de viver sem dispensar as normas reais da vida. E assim, ocorre na terra, muito mais no espaço, onde o poder do pensamento criador é incomparavelmente maior.
Depois de atravessar uma pequena clareira vamos encontrar os nossos queridos Pai Zé Pedro e Pai João no verdadeiro caminho que nos une à eternidade.
Tudo era movimento no dia que Pai João e Pai Zé Pedro foram chamados para o sono cultural.
Salve Deus!
Pai João e Pai Zé Pedro se preparavam para o anfiteatro, suas cabeças não haviam despertado daquele triste crepúsculo na terra, na Cachoeira do Jaguar. Sentados em frente de uma grande tela, que nos planos espirituais, do Canal Vermelho é como um cinema; aparece tudo que queremos saber de nossa vida na terra. Pai João e Pai Zé Pedro viam com paixão tudo que lhes eram tão caros; aqui... ali dos dois comentavam:
- Todos, todos estavam aqui conosco.
- Sim – dizia um ao outro – viam tudo, nisto, ouviu-se um soluço, era Efigênia que soluçava por não poder mais voltar à terra, pois o seu crânio ainda merecia cuidados.
Nisto ouviram também alguém que chegava:
- Salve Deus!
Pai João e Pai Zé Pedro quase desmaiaram.
- Oh! Quantas saudades... Falaram muito, tudo o que se passou como se estivesse perdidos de vista. Depois Pai João perguntou:
- Por que Efigênia não pode voltar à terra?
- Sim João, as forças biogênicas são transmutações das forças cósmicas. A função da matéria é organizada pelo sistema do corpo etérico. O corpo é sempre um, e o mesmo tem sua origem na matéria orgânica, metamorfose da matéria cósmica. As funções são muitas e várias, tem sua origem nos fenômenos vitais, que é criado pela matéria inorgânica que forma o corpo bruto, inerte sem atividade própria. Efigênia, naturalmente não está preparada para tanto. Ouviu-se um estrondo... e o quadro se modificou.
Vô Agripino sorrindo disse:
-Vou lhes dar uma rica surpresa.
- Ah! Lá estão todos que irão voltar. Onde estamos?
- Na Mansão dos Jaguares! A quem você está procurando Zé Pedro?
- Eufrásio!
- Ah! Sim, disse João – Eufrásio ainda não chegou.
Perguntaram quanto tempo já estariam ali. Sim, cinco anos e, no entanto estavam todos ali. Sim, pensava Pai Zé Pedro no Universo não inércia, o movimento é incessante, a atividade é essencialmente produtora e as forças não param. Se ficarem parados ela se vai e ficamos só. Sim, repetia ele, o homem é, portanto o microcosmo, matéria e força, corpo e funções, o corpo físico não gera a vida ou a força promotora dos movimentos, mas absorve-os. Reservatório Universal o organismo, é assim o instrumento da vida, aparelho que varia do infinito aos pesados contatos da terra que alimentam as células vegetais!
Sim, a experiência foi muito brusca, muito fatal. Pai João e Pai Zé Pedro não sabiam nem mais nem menos o que estavam fazendo. Levados pelos arrolhos dos tumultos arrastavam em suas mentes, aquele crepúsculo final. Sim. Perguntavam sempre:
- Porque uma dor tão grande? Verdade! Lembravam-se na Cachoeira... os dois presos, soterrados da sintonia para baixo, sem poder socorrer os demais, até que outra avalanche os levassem para o fim.
- Sim, pensavam, ficamos presos por castigo de Deus? Perguntaram sempre. Ficamos presos por reparação.... Castigo!... Eram as dívidas e os conflitos daqueles dois. Porque suas cabeças não sabiam analisar, os dois presos, para assistir toda a catástrofe. Sua revolta já estava levando-os a descambar para Ponta Negra.
 - Verdade, amamos na terra e, no entanto sofremos tanto!
- Cadê o Vô Agripino?
- Ficou com as Crioulas e os Nagôs?
- Porque saímos de perto deles?
- Porque nossas mentes têm que se encontrar por si mesmas, e não vê Zé Pedro, aquele bendito errolho nos jogou pra aqui sem que nós sentíssemos.
Nisto ouviram um grito que penetrava diretamente seus ouvidos:
- Tibério, eu sou e serei o teu Cônsul fiel, tenho prisioneiros Marcus Cláudio e Vinícius, os teus traidores. Os dois homens soterrados naquele imenso pântano, saim chispas de fogo pelos olhos. Pai |João e Pai Zé Pedro se olhavam sem nada poder dizer. Porém, o homem continuava sua obra.
- Marcus Vinícius o traidor!
- Sim, diziam os nosso queridos, não temos dúvidas. O quadro era idêntico, somente o ódio daquela gente era o oposto da Cachoeira do Jaguar.
Quando se deram conta de si, estavam na indumentária de Tibério (Pai João) e Marcus Vinícius ( Pai Zé Pedro). Os espíritos do triste comício agora gritavam com mais intensidades, foi na deposição da Gália, lembrou0se Pai João.
- Oh! Meu Deus! Porque estamos aqui?
- É a misericórdia de Deus. Sim, não acreditamos nem mesmo em Vô Agripino e olhando para suas novas vestimentas, Pai Zé Pedro gritou:
- Fujamos daqui antes de sermos vistos nestas indumentárias! Vamos daqui! Nisto ouviu um assobio e um grupo de cavaleiros surgiu, se espalhando por todo aquele pântano, ficando somente um luminoso que se aproximou dos nossos queridos e num tom de crítica prestou homenagem aos dois que ainda vestiam a indumentária. Pai João e Pai Zé Pedro sofreram a maior humilhação. Disseram:- Viemos recentemente da terra.
- Estou vendo, porém, nem tão recente, sei que sofreram muito nesta jornada aponto de perderem a sua individualidade, esqueceram-se do amor de Deus, cumpriram com amor e dignidade a missão na terra, no entanto, aqui depois de cinco anos estão para cair apenas por não terem encontrado a razão do seu crepúsculo. Egoísmo, o egoísmo poderá arrastar tão grandes e nobres missionários.
- Porque estamos assim? – perguntou Pai João – Vestido assim?
- A falta de segurança e de amor a deus.
- Nos culpamos por ter ficados presos, vendo toda tragédia sem poder se movimentar, vendo todos perecerem. Tememos que fosse uma reparação e, no entanto não sabemos onde ficou o erro.
- Pelo que sei Vovô Agripino os orientava dando-lhes lindas lições.
Nisto gritou Zé Pedro:
- Pai João Nagô! Tire depressa de sua mente esta roupagem. Os dois começaram a rir e abraçados, tudo se modificou. Agora olhavam para o vale negro, lá bem embaixo tudo já estava diferente, os Centuriões já os haviam levado em suas redes magnéticas.
- Oh! Meu Deus! Como nos martirizamos.
- Sim Zé Pedro talvez, queríamos aqui, fogos de artifícios.
Pai Zé Pedro e Pai João sentaram-se na primeira pracinha e tristes começaram suas queiza:
- O que será de nós?
 Temos que receber uma missão e ficar juntos outra vez.
Sim, meu filho, agora eles se recordavam mesmo de tudo, tanto mal e, no entanto....
Quando estavam falando chegaram as sete Crioulas e tudo foi festa. Jurema já parecia uma Princesa.
- Onde andavam meus queridos irmãos? Sabemos que estavam juntos, dizia com graça, daqui onde estamos avistamos tudo, até mesmo Ponta Negra e o Vale Negro.
Quando Jurema terminou Pai Zé Pedro disse baixinho:
- Te viram na encarnação do Imperador Tibério César.
- E você Marcus Vinícius.
- Sim, disse Jurema, Salve Deus! É natural que façamos estas reparações é difícil entender, tivemos ali e tudo foi como Deus nos quis testar, Pai João.
- Sim já entendemos tudo, Tibério enterrava os seus prisioneiros até a cintura e deixava que os bichos os comessem ainda vivos, no entanto não nos deixou vivos por muito tempo.
Nisto uma pequena luz aparecia ao longe.
- Olha disse Jurema, olha Zé Pedro, Jerônimo soube que os senhores estão aqui e vem lhes ver.
Pai João e Pai Zé Pedro se olharam, sim como Jerônimo...
- Oh! Zé Pedro e João, disse Jerônimo, todos felizes vem buscar os senhores para a nova Mansão dos Jaguares.
- Jerônimo, meu Jerônimo, como pode tanta compreensão!
- Sim, disse Jerônimo, tenho a cabeça e o coração bem menores que o dos senhores, por conseguinte, a missão foi menor também.
- É verdade tudo vem de um plano de Deus. Sim, remataram...
Ouviu-se um estrondo, eles já estavam perto da Mansão dos Jaguares. Jerônimo mostrava tudo por onde passavam. Sim Jerônimo já estava ali há sete anos e sempre foi um espírito conformado. Por último vendo a admiração de Pai João e Pai Zé Pedro disse:
- Sabe meus queridos Mestres, tenho tudo que me ensinaram na minha cabeça, só deus poderá lhes pagar.
- A nossa Doutrina não chegou pra nós! Vê que já estávamos descambando para Ponta Negra.
Nisto se ouviu um grito: eram Antera, Zefa, Lívia Emereciana, Maria Conga, Sabina e Cambina e junto os Nagôs, só faltava Eufrásio. Foi abraços e comentários como se estivessem chegados de uma grande viagem.
Pai João se ligou a Antera e quando viram já estavam com uma nova roupagem.
- Por Deus não te reconheceria se tu também não estivesses junto com os outros.
Todos entraram e os dois foram para uma pracinha recordar as suas façanhas na terra. Foi um tempo bonito, todos se reconheceram em casais, saíam e com saudades esperavam o amor de Deus.
Já era hora de prece.... Do Canto Universal. Saíram dali e foram ao campo de Morça vibrar para os que ainda estão na terra.
- Como? Perguntou Pai João.
- Sim, no campo de Morça vibram os que ainda têm os seus familiares na terra.
- Tens alguém, Zé Pedro?
Este surpreso respondeu:
- Tenho.. Tenho o meu Sinhozinho e minha Sinhazinha.
- E eu, disse Janaína, vou devolver-lhe as rezas que fizeram pensando que eu estivesse morta.
- Onde estão os seus familiares Janaína? Perguntou Jerônimo.
 - Na Europa, respondeu.
 - Se é na Europa, é aquele ali.
- Não, não quero este, quero aquele que todos estão juntos.
Todos riram, vendo a verdadeira família.
Nisto o jovem Tomaz que se vestia como um belo Fidalgo Grego e foi se juntar a Janaína.
- Tomaz! Gritou Pai João, meio ressabiado, Tomaz meu querido Tomas, como sofremos por tua partida.
- Sim pelo que sei, partiremos em breve.
- Oh! Meu Deus! Disse Jurema que estava ao lado de Japuacy, também na roupagem de cidadão romano.
Verdade, até parece conto de fadas, todos com seus amores, chegaram ao grande e luminoso campo de Morça. Todos estavam em suas afirmações sentindo daquela força em perfume que exala dos mundos espirituais de Deus. As energias iam e vinham como laços de fitas que Pai João e Pai Zé Pedro sorriam e choravam... Daquela maravilha que jamais pensara existir. Risos e luzes. De repente começou o sermão, a voz direta que também era tudo de maravilhoso.
- Salve Deus! Quem está falando? Que fala em nós como se nos conhecesse?
- São as vozes dos Ministros que nos preparam para voltar a terra.
-  Como poderemos partir com todos os nossos amores?
- Sim Meu Filho, como será a despedida dos nossos queridos? Veremos no próximo capítulo.
Com carinho
A Mãe em Cristo. 

TIA NEIVA