Meu Deus como nos
embrutece o corpo da matéria, e como somos felizes e compreensivos, mesmo as
poucas horas que conseguimos nos libertar “dele”. A mediunidade nos sacrifica, porque
a nossa condição humana terrena vive sempre acrisolada ao passado no corpo, nos
exigindo suas funções normais, ao passo que fora dele, sentimos uma sensação
tão maravilhosa de libertação, que chegamos mesmo a nos envaidecer.
É preciso termos cautela, caso
contrário, é perigoso o complexo de superioridade, e por mais que tenhamos
humildade sempre vemos os nossos irmãos como meras crianças, a mim, por
exemplo, parece que já tenho uns 80 anos de experiência, pelos conhecimentos
adquiridos com meus transportes em minhas madrugadas. Apesar dos conhecimentos
que já disponho, não tenho e não me foi confiado qualquer privilégio em relação
as minhas “funções” de encarnada. Passo realmente por todas as regularidades da
carne, creio até que ainda estou muito longe deste aperfeiçoamento.
A pedido da MÃE YARA, vou deixar escrito tudo
que se passa nos meus trabalhos “ madrugueiros”, e como jurei a Nosso Senhor
Jesus Cristo os meus olhos, direi tudo ao bem da verdade. Apesar de inúmeros
desdobramentos, vou começar por este último.
Dia 20 de Junho, o meu espírito estava
conturbado por diversas coisas que eu não estava sabendo assimilar. Já eram 3
horas da madrugada e eu não conseguia libertar-me dos meus pensamentos, estava
acrisolada pelas terríveis forças negativas que eu mesma havia atraído. Já
estava atrasada para assumir meus compromissos na minha “deliciosa” CABALA onde
dedico-me ao bem dos meus irmãos. Foi necessário utilizar os meus últimos
recursos mediúnicos, e por fim libertei-me, graças a Deus e fora do corpo, eu
em embriagava das coisas que eu amo.
Que delícia! Experimentava agora, depois de
tanta perturbação, a feliz libertação. Bem consciente, fui cada vez mais
penetrando em tudo quanto não me é permitido no corpo da carne, e já estava
para perder o senso da responsabilidade quando ouvi a voz serena de minha
mentora que dizia:
- Minha Filha és
senhora das tuas faculdades mediúnicas, porém és escrava da missão que
assumistes perante Deus e os homens da terra. Não te iludas com esta libertação
passageira, como também são passageiras estas tuas perturbações, vamos, disse
mais; IRMA já te espera.
Parti dali sem fazer
qualquer objeção apesar de ficar meio saudosa. É verdade, IRMA a cigana, já
estava a minha espera, começamos o nosso RITUAL, IRMA e GERMANO o GÊNIO como
nós o chamávamos. Defumou a minha manta e atirou nos meus ombros como de
costume. Preparada, comecei aos PONTOS
CABALÍSTICOS COM AS ESTRÊLAS. Depois a força magnética, onde distribuímos o
ectoplasma... O GÊNIO VAI DITANDO o
nome dos irmãos necessidade ( nome e idade)... De tudo que eu mais gosto é do JÔGO das estrelas com o TOPÁZIO, por ele vejo o desenrolar de
carmas de criaturas tão amadas, e sobre o reflexo que me ilumina este rico
jogo, muitas vezes, belas coisas consigo é deslumbrante é maravilhoso bailar
sobre o reflexo deste JÔGO.
Depois voltei ao FOGO SAGRADO, e lã “arrematei” como
sempre:
- Senhor neste instante, e por todos os
instantes de minha vida respeito e respeitarei as leis do meu Pai que está no
céu. Tudo me vem do Reino de Deus que está dentro de mim, preciso e abaterei as
trevas, nada resiste ao poder dinâmico. Escuto a voz do silencia e nenhuma
escuridão é demasiada para a luz do divino. Sou abençoada pelo senhor que
habita em mim. Pelo pensamento neste instante vou controlar minhas forças
mentais e vitais. Nenhum pensamento negativo poderá entrara em minha mente. O
altíssimo tem seu templo em meu íntimo. Nada resiste ao poder dinâmico do meu
espírito tenho absoluta fé, que tenho o poder de fazer o que em nome do meu
senhor, eu quiser. O amor e a chama branca da vida, reside em mim. E, com a
bendita estrela de Davi, jamais me esquecerei do poderoso poder sobre o Jeová
Negro, que é este poder mediúnico que me incendeia nos olhos, na boca, nos
ouvidos, e enfim, no fundo de minha alma. Lavras bendita desta Fogueira Sagrada, queima
as impurezas e abre os caminhos destes entes amados que foram chamados pelo
gênio, filho de Sabá. Prepara-os, compromete-me na maneira do possível, na
corrente mestra do astral, para que ao voltarem aos carreiros terrestres, levem
individualmente seus equipamentos de vibração.
E, pela luz dos olhos eu os conduzirei e
saberei encaminhá-los ao bem da justiça do meu Pai que está no céu. Agora e
sempre lavras bendita, emanam meu corpo para que eu possa sempre sem medo,
dominar a noite do “Jeová Negro”, com estas rédeas que me confiastes. E na Alvorada
do Divino, seja eu iluminada, meus olhos, minha boca, e toda a minha alma
cigana.
TIA NEIVA
Taguatinga,
23 de agosto de 1966