20 de agosto de 2020

As viagens espirituais de Maria Mercedes: Capítulo I

O CORPO

Trinta de novembro, de mil novecentos e noventa.
Sempre faço essas viagens.
Até então, elas nunca haviam me chamado a atenção. 
Porém, a dez dias atrás, ocorreu uma nova viagem.
Achava que seria como entre os espiritualistas, porém, aprofundava-me de tal maneira que parecia como nos contos de fada, embora não fosse.
Eu vivia os acontecimentos com muita clareza.
Sentia a cobrança de que deveria passar tudo para o papel.
Nesta viagem, eu andava sem destino, passando por matas. Seus caminhos eram estreitos, cobertos por margaridas dos lados.
As árvores eram todas de igual tamanho, tinham suas copas redondas e eram muito bem cuidadas, de forma que existia vida em cada mínimo detalhe.
Sentia-se no ar um perfume maravilhoso e tudo tinha uma beleza inigualável.
Após caminhar por longo tempo sobre aquelas maravilhas, deparei-me com uma cachoeira.
Próximo a ela havia várias outras, porém, a primeira era a que mais me chamava a atenção.  Suas águas cristalinas deslizavam de uma imensa altura.
Em silêncio, fui chegando mais perto, até que me encontrava debaixo de suas imensas quedas de água.  Suas paredes eram formadas de cristais brancos e seus brilhos aos meus olhos se faziam uma magia de encanto.
Tudo aquilo era muito lindo! 
As águas caiam em grande quantidade e eu deslizava-me para baixo delas.
Havia ali um incrível toque de amor e pureza. Era uma inexplicável energia, na qual me deixei ser conduzida.
Por mais que me esforce em detalhar tudo o que presenciei, ainda assim, será pouco diante de tal beleza.
Logo, fui cercada por baleias e enormes peixes coloridos, os quais não me atacaram.
Sentia que eram dóceis e que queriam falar comigo.
O que se passava em minha mente era demais para o meu entendimento, embora me esforçasse.
Sentia-me a menor entre eles todos, porém, uma coisa era certa: não tinha nenhum medo.
Somente sei dizer que tudo era uma raríssima beleza.
Naquele mesmo instante, ouvi uma voz que me dizia:
- Tens que voltar ao teu corpo.
Era uma sensação de alegria, paz e muita limpeza no corpo, alma e no espírito.

Maria Mercedes