5 de junho de 2017

Imediações de Angical- Fazenda Três Coqueiros

HISTÓRICO

Havia nas imediações de Angical uma enorme fazenda, na época a famosa Fazenda Três Coqueiros, pertencente a ALFREDO e MÁRCIA, estes recém-casados, receberam a fazenda como herança. 
Do outro lado da Fazenda Três Coqueiros, havia uma cachoeira que era o limite desta Fazenda com a dos FERREIRAS. Esta nobre e rica família dos FERREIRAS, era gananciosa e cada um queria ser o mais,rico, o maior, pois a vaidade e o orgulho eram as suas características.

Naquela região perto dos FERREIRAS, havia inúmeras fazendas, grandes e pequenas, pertencentes a famílias que eram aliadas aos FERREIRAS, e participavam das mesmas ideias cheias de maldade e ódio, pois a cobiça e a inveja fazia com que eles só pensassem em fazer o mal aos daquela Grande e Bela Fazenda Três Coqueiros.
Eram rixas transcendentais. Os FERREIRAS e os seus aliados sustentavam o ódio arraigado em seus corações. Estas duas famílias estavam sempre em choques e os aliados faziam trincheiras e tocaias, provocando inúmeras mortes e destruições. As mortes, porém, eram só de escravos. Como diziam eles, escravos são pagãos, não merecem bom trato; eram comprados como um animal qualquer. 
Certo dia MÁRCIA, saiu a passear a cavalo e foi até a cachoeira, ficando admirada com a beleza daquele lugar, daquela linda cachoeira. Sim, ali fora a antiga Cachoeira do Jaguar, de Pai Zé Pedro, Pai João e das Princesas.      
Sabia-se que ali existiu um fenômeno a cem anos atrás. MÁRCIA que era uma médium de grande percepção parou e deslumbrada disse:
- É verdade, ali existiu um grande fenômeno de alguns escravos.
Nisso VALDEMAR FERREIRA chegou e abraçando a Sinhazinha pelas costas disse: Ali houve um grande fenômeno, dizem os antigos de uns Pretos Velhos forasteiros.
Imediatamente MÁRCIA lembrou-se que VALDEMAR FERREIRA era o mais triste dos inimigos de seu marido e lembrou-se que seu esposo lhe havia dito que ela jamais pisasse ali. Ela saiu correndo e o destino pregou-lhe uma peça. Um pequeno escravo de VALDEMAR, viu a MÁRCIA ali com VALDEMAR e contou tudo a ALFREDO.
MÁRCIA já esperava um filho de ALFREDO. Todos aqueles escravos de VALDEMAR odiavam a Fazenda três Coqueiros, por inveja, porque a vida dos escravos de ALFREDO era boa, eles levavam um a vida normal. Até mesmo os feitores de ALFREDO eram bem tratados e eram bons para os escravos, o que não acontecia com o povo dos FERREIRAS.
Certo dia, o filho de ZEFA, da Fazenda três Coqueiros, começou a namorar uma crioula, escrava dos FERREIRAS. Os escravos dos FERREIRAS, se voltaram contra o filho de ZEFA, e o esfaquearam e colocaram-no na porta de ALFREDO, deixando um bilhete no qual diziam que não queriam aquele cachorro lá. E mais, disse que quando o menino de MARCIA nascesse, o mandasse para VALDEMAR.
MÁRCIA cansada e cheia de dores por causa da gravidez já adiantada, ouvindo os gritos de ZEFA, correu ao encontro da velha escrava. É que o ALFREDO encontrou o rapaz esfaqueado e vendo o bilhete ficou cheio de ira e mandou que jogassem o rapaz no pasto longe da Casa Grande. Mãe ZEFA, havia encontrado o filho e gritava por MÁRCIA, para que ela tomasse conta do doente. MÁRCIA mesmo cheia de dores foi ajudar ZEFA e saiu com Pai Zé Pedro para buscar o pobre escravo, que havia passado a noite ao relento e os urubus já sobrevoavam sobre seu corpo.
A bondosa Sinhazinha mandou que levassem o rapaz para dentro de casa, e houve um caso de desintegração: MÁRCIA passou com o doente perto de ALFREDO e este, não os viram.
Assim que ALFREDO  encontrou-se com MÁRCIA sem explicar, mandou que ela fosse para a senzala e fez um cercado de grade e prendeu a Sinhazinha ali; mandou que Mãe Tildes cuidasse dela. Mãe Tildes era confidente e grande amiga de MÁRCIA. Tão logo o filho nascesse ele o mandaria para VALDEMAR.
MÁRCIA  cativou todos aqueles escravos com seu amor e dedicação.
Quando Zé Pedro, o velho Nagô, chegou para falar com MÁRCIA, ela perguntou quem é este homem? E Mãe Tildes respondeu: é um velho Nagô que recebe espírito no lombo. Pai Zé Pedro chegando e dizendo: Não Sinhazinha, não precisa ter medo. E virando-se para Mãe Tildes deu um muxoxo “ linguaruda conversa demais”.
Viu MÁRCIA que aquele tinha uma força do céu, e se afinou com aquele homem.
Numa manhã, o sol já brilhava encantando com os seus raios toda a beleza daquela fazenda, eis que MÁRCIA começou a passar mal e mais tarde a criança nasceu. Num reboliço muito grande os Pretos Velhos se mobilizaram, E quando Mãe Tildes viu aquela criança passou a mão nela, enrolou-a numa coberta e levou  para MÃE ZEFA, lá no meio do cafezal dizendo: Vai ZEFA, leva este menino, porque ALFREDO vai matá-lo.
ZEFA, saiu correndo com o menino e levou para a casa dos ferreiras, sem saber o que estava acontecendo. Entregou a Sinhazinha, mãe de VALDEMAR. Esta nunca poderia revelar que aquela criança fosse filho de ALFREDO. E um grande segredo se passou entre Mãe ZEFA e EMERRENCIANA.  ZEFA foi embora e nunca mais se teve notícias dela.
Quando Mãe Tildes voltou do cafezal, levou um susto pois MÁRCIA  havia ganho uma criança, uma linda menina. (Eram gêmeos) E Mãe Tildes começou a chamar a linda menina de MARCINHA.
ALFREDO vendo a dor tão grande de MÁRCIA acreditou que ela era inocente. MÁRCIA não sabia que havia tido duas crianças e acreditaram os dois que só tivessem aquela menina. ALFREDO, inclusive morreu pensando que só tinha aquela menina.
Certo dia o crioulo apareceu para dar satisfação onde estava o menino. Mãe Tildes sofria sem saber se devia revelar o segredo a MÁRCIA. Foi perguntar ao Nagô e este lhe disse que não, ela jamais poderia revelar a verdade.
Era um erro ela querer assumir a dívida de MÁRCIA. Por outro lado, Mãe Tildes desconfiava de MÁRCIA, quando viu o menino, pensando que ele fosse filho de VALDEMAR, pois parecia demais com aquele Senhor.
O Nagô mandou chamar MÁRCIA e disse que ela voltasse para Casa Grande, porque seu marido ia fiar louco e teria um fim muito triste. MÁRCIA saiu dalí com o coração apertado, sabia que ALFREDO não tinha condições de continuas aquela vida.
O tempo passou ligeiro e ALFREDO morreu loco. MÁRCIA enclausurou-se naquela casa.
MARCINHA, já mocinha começou a namorar o filho de VALDEMAR. Quando o rapaz entrou em casa, Mãe Tildes foi correndo a Pai Zé Pedro e disse a ele que ela estava perdida, pois cortou o carma de MÁRCIA e agora estava vendo casar com irmão. Nisso a porta se abre e MARCINHA feliz, abraça Pai Zé Pedro e Mãe Tildes, dizendo-lhes que ia se casar; ele quer casar-se comigo. E continuou:
- O Coronel VALDEMAR, tem dois filhos, sabe o mais novo tem o dedo emendado, pregado um no outro, mas esse não tem, esse é perfeito e não parece nada com o outro.
Pai Zé Pedro falou: Não lhe disse Mãe Tildes, a grandeza de DEUS não tem limites?... Este não é o filho de MÁRCIA. E Mãe Tildes perdeu a voz até que MARCINHA se casou com aquele rapaz.
MÁRCIA não soube a verdade sobre seu filho até o dia em que EMERENCIANA o revelou. Jacó tinha dois dedos emendados, esta era aprova do filho legal de ALFREDO, este tinha também os dois dedos pregados um no outro.
No dia do casamento de MARCINHA, veio a Lei Áurea, a abolição da escravatura, e foi uma terrível confusão. Tiros e brigas.D. AMÁLIA morreu (esposa de VALDEMAR).
D. EMERENCIANA, na hora de morrer mandou chamar MARCIA e revelou o seu segredo: JACÓ era seu filho. Contou toda a verdade. MARCIA antes de morrer abraçou seu filho JACÓ, cheia de emoção.
Mãe Tildes que era um espírito tão santo teve que pagar ainda essa pena. A culpa de ter reparado um carma indevidamente., Eis o que acontece com quem corta ou interfere nos destinos dos outros.
O pessoal de ALFREDO, aqueles escravos, aquela gente ouvia VALDEMAR, culpando os PEREIRAS, DA Fazenda três Coqueiros, se arremessaram contra a Fazenda Três Coqueiros ficando pela força de DEUS,  apenas Mãe Tildes, Pai Zé Pedro, Uraí e Urail. O Nagô fugiu com Mãe Tildes e duas crioulas para a Fazenda da CAFEEIRA.
MARCINHA casada levou consigo seu irmão JACÓ. Foi uma mortandade tão grande que no outro dia exalava mau cheiro daqueles cadáveres. Veio então a Volante, polícia baiana e com dificuldades se reajustaram com aquela gente.
Na Fazenda dos FERREIRAS, ninguém triscava a mão. Vieram de longe os velhos Coronéis e Sinhozinhos, Pais de ALFREDO E MÁRCIA, e queriam levar consigo os netos MARCINHA e JACÓ, e estes, porém, não quiseram voltar.
Todos que passavam por ali, falavam da triste tragédia daquele povo. Povo esse, espíritos espartanos vindos de nossa origem e aqui não suportaram as velhas rixas.
Os FERREIRAS, alguns, que fugiram continuavam a se entrincheirar para novas tragédias. Mãe Tildes e Pai Zé Pedro fugiram dali para o ANGICAL.
Por hoje é só. Aqui estão os que precipitaram os malvados desta tragédia. Ainda faltam componentes desta história.
Neste instante,porém, diante dos senhores e das senhoras, não posso avaliar quais dos senhores foram FERREIRAS e quais foram PEREIRAS.
Salve Deus!
Só Deus neste instante poderá avaliar quem foram.
Salve Deus!

TIA NEIVA